terça-feira, janeiro 17

A incoerência do poder curativo divino

Aproveito este parágrafo introdutório para reafirmar que me mantenho humilde relativamente aos princípios do culto religioso. Sou um leigo em Teologia e não quero provocar a ira dos fanáticos, quem o fez deu-se mal.
Apraz-me contudo comentar a incoerência do poder curativo divino.
A situação hipotética é a seguinte: o senhor Silva adoece, digamos, cancro nos intestinos. A família, preocupada com as notícias do estado de saúde do patriarca, reza a todos os santos, faz promessa de ir a Fátima, acende velinhas...
Eis que o cavalheiro, após tratamento médico ateu, ultrapassa a crise e consegue debelar o problema. A família exclama: “graças a Deus, louvado seja o Senhor”. Serão 2 meses e meio de pais-nossos e ave-marias suficientes para acalmar a ira de Jeová, que tinha planeado uma morte lenta e dolorosa para o senhor Silva? Será que os tratamentos de quimioterapia tiveram alguma influência na evolução favorável do quadro clínico do paciente?
De qualquer modo, se o objectivo divino não era punir o malogrado Silva, porquê despoletar a doença? O desgraçado apanhou um susto de morte e a família ficou preocupada e nervosa. Será que o desenrolar dos acontecimentos foi apenas para reafirmar o supremo poder do Senhor, como quem diz, “se Eu quisesse já tinhas lerpado”? Se assim foi mais valia mandar um sinal que envolvesse menos intervenientes e não requeresse o uso dos escassos recursos hospitalares.