quarta-feira, janeiro 18

Nomes de vidro

Fazer pouco dos outros é um hobbie tão ou mais antigo que a prostituição. A maneira mais fácil de começar é pelo nome.
Qual a nossa reacção quando ouvimos no altifalante do consultório chamarem o senhor José Manuel Calhau? Rimo-nos discretamente, fazendo pouco do apelido singular. Se solicitarem ao invés o distinto cavalheiro David Rocha não existe motivo para qualquer chalaça. Não serão uma rocha e um calhau exactamente o mesmo? Será a comicidade atribuída a “Manuel José”?
Os exemplos discriminatórios são infindáveis! Aceitamos pacificamente Pereira, Laranjeiro, Silva, mas fazemos troça dos apelidos Bananeira, Pessegueiro ou Matagal.
Relatou-me um professor de Matemática que, no saudoso ano de 1982, tinha tido uma aluna de nome Elisabete Pila Pisa. Porventura não se recorda se era uma estudante medíocre ou uma aplicada sabichona. Na memória restaram apenas os apelidos. É extraordinário que a moçoila (hoje decerto mulher feita) tenha recebido “Pila” por parte da mãe, quem diria… mais vale assim que “Pisa Pila”, soa em demasia a sadomasoquismo.