sexta-feira, fevereiro 24

El-Rei D. Fernando I

Frequentei em tempos um café simpático na Ramalha, agregado urbano almadense “entalado” entre a Cova da Piedade e o Pragal.
Este pequeno estabelecimento, negócio familiar e de pouca clientela, satisfez os meus desejos de “galão máquina” durante uma temporada.
Se é verdade que procuro não fazer julgamentos precipitados a respeito de pessoas que não conheço, quebrei de imediato a regra no dia em que entrei pela primeira vez no snack-bar. Fitei o dono de alto abaixo (numa perspectiva hetero, está claro) e não tive dúvidas em afirmar: "o nome do homem é Fernando!" Há quem tenha cara de cu, cara de porco ou cara de atrasado mental, aquele indivíduo tinha simplesmente cara de Fernando. Dá-se o caso de até conhecer alguns Fernandos, mas nenhum deles se aproxima de tal forma do paradigma de Fernando como aquele.
Se a princípio o meu comentário provocou risota no grupo de amigos, com o tempo a alcunha pegou e o senhor passou mesmo a Fernando para toda a gente.
Tempos mais tarde, movido por uma curiosidade crescente, indaguei o Fernando a respeito da sua verdadeira identidade. Este sorriu e respondeu de forma ritmada: "oh meu amigo, você nunca mais se vai esquecer, chamo-me Afonso Henriques, como o primeiro rei de Portugal".
Fiquei chocado, afinal o Fernando não é Fernando. Parece agora evidente o porquê do café se chamar "Condado", El-Rei D. Fernando I assim o determinou.