domingo, novembro 13

No reino da Marquise

O comum portuga (aquele que pensa que o Benfica ainda é um “grande” europeu) tem como única e suprema realização pessoal edificar a sua Marquise.
O caminho para a felicidade é extremamente simples, basta adquirir um T2 no Feijó, pago a 40 anos e com uma ou duas boas varandas. Depois, é telefonar-se ao gajo que arranja esquentadores, que tem um primo que fecha varandas por bom preço (e sem IVA). Com um pouco de perícia, caso sejam contíguas, até dá para as ligar, formando um pequeno corredor.
Assiste-se assim, no panorama da nossa endinheirada classe média, a uma competição entre vizinhos. Os argumentos são o alumínio e o vidro, os cortinados e os estores. Tudo vale para ter a melhor e maior marquise.

Mas para que serve afinal a marquise? Ora, em que outro local se poderia guardar uma bicicleta infantil, a caixa de cartão onde vinha a televisão ou colocar uma pequena estante com fascículos sobre a segunda Grande Guerra que costumavam sair às quintas-feiras no Correio da Manhã?