terça-feira, outubro 11

O Coiso

Quando, em animado diálogo, nos esquecemos de um substantivo o que dizemos? “Coiso” é na maioria das vezes o que arranjamos para remendar uma frase incompleta. Pensamos que ao pronunciar “coiso” o outro interlocutor irá de imediato compreender a que nos referimos. Quando nos perguntam “Onde é que meteste o coiso?” significa logicamente que nos questionam acerca da localização do champô para cabelos finos e estragados. Porém, se ouvirmos “Mete as cascas de batata no coiso, se fazes favor” é porque nos pedem para colocar as cascas de batata no caixote do lixo.
O que é então o coiso, um champô, um caixote do lixo? Dito a frio, e sem um contexto, o coiso é o pénis. Não sei quem o determinou, mas assim como dei de barato que a caneta se designa caneta não tenho problemas em aceitar a maioria das outras convenções. Ainda para mais esta até dá imenso jeito pois não conheço mais sinónimos para pénis.
Isto leva-me assim a concluir que quando nos esquecemos de um vocábulo recorremos sempre a um termo que assumimos por defeito ser uma pila (afinal lembrei-me de um sinónimo).
E no feminino? Sim, nós também usamos “coisa” de quando em vez… No entanto neste caso não existe uma correlação, mínima que seja, com o aparelho reprodutor feminino.
Visto que o “coiso” me está demasiado entranhado (não me interpretem mal!) nada posso fazer para me livrar dele. Posso porém quando a oportunidade surgir, ao invés de dizer “coisa”, tentar lembrar-me de pronunciar “vagina” para começar a equilibrar as coisas (neste caso não precisei de escrever “vaginas” porque “coisas” significa sobretudo coisas).