domingo, fevereiro 8

Anjos e Demónios

Desterrado a trabalhar num cliente, sem comparsas por perto e expressamente proibido de assediar as provocantes musas que se passeiam em frente ao meu gabinete, compreendo agora o sofrimento dos padres pedófilos encarregues de administrar a primeira comunhão. Maldito sejas protocolo por deixares o dever sobrepor-se aos vícios da carne.
Sobrevivo nesta clausura, quatro dias por semana, cozinhando complexos modelos em Excel enquanto apuro os níveis de testosterona.

As refeições mais pequenas, sejam elas o brunch ou o lanche, são passadas no conforto do Pingo Doce local que, abençoado seja Deus, tem serviço de cafetaria. E já agora, “raistaparta” Diabo, por o teres enchido com ciganos e reformados. Não bastava a propensão natural para gerarem o caos, têm ainda que ser os primeiros a chegar à maquineta das senhas.
Efectuar o mesmo pedido todos os dias tem vantagens e desvantagens. Por um lado, já sabemos exactamente quanto vamos gastar, por outro, estamos cientes de que algumas coisas vão, independentemente da nossa vontade ou aviso, correr mal: o galão morno e escuro vem claro e a escaldar, o pão da avó acaba sempre no cliente precedente.
Esta verdadeira manjedoura confronta com o espaço dedicado à venda de revistas. Escusado será dizer que, quanto mais engordurada estiver a mão do troglodita que acaba de fazer desaparecer um papo-seco a transbordar de manteiga, maior é a probabilidade desse energúmeno decidir folhear a última edição da Nova Gente... e não a comprar.
Até agora tenho resistido com valentia a estes ataques de pelintrice, mas a Autohoje insiste em informar-me sobre as melhores aquisições do segmento C para o ano de 2009. Sonho com aquele A3…