domingo, novembro 9

Futebol à antiga

Recordo com saudades que o futebol de outros tempos, altura em que a gestão do esforço, os movimentos basculantes e a inteligência emocional não faziam parte do dicionário dos comentadores de serviço.
Antigamente rezava-se para que não chovesse e preparava-se o traseiro para quatro horas de contacto com o betão. Sim, porque a chegada ao recinto não acontecia cinco minutos antes do espectáculo começar. Havia que comentar os matutinos, acompanhar a chegada dos autocarros e o aquecimento das equipas. O apito inicial apenas indicava que a festa estava a meio e que era altura de adquirir mais meia dúzia de queijadas de Sintra.
A entrada das equipas em campo ocorria separadamente: primeiro os visitantes e a malfadada equipa de arbitragem que, ainda sem terem feito rigorosamente nada, já eram alvo de chacota, calúnia e de uma vaia monumental; só depois os da casa, altura em que ocorria a explosão de alegria e confettis nas bancadas.
Hoje, nesse campeonato nacional renomeado “Liga Sagres”, os “artistas” surgem em simultâneo e de mãos dadas, envergando T-shirts promovendo uma qualquer causa social.
Os estádios estão pejados de elementos que nada têm a ver com o futebol, desde cheerleaders (que, apesar de roliças, estão ainda muito descoordenadas), a mascotes do Sapo, animadores, stewards e uns maçaricos agitando bandeiras da TMN.
E o público? Debaixo da cobertura, sentados em confortáveis poltronas, mulheres, crianças e um cem número de inúteis, assistem impávidos aos acontecimentos no relvado. O que é feito do genuíno insulto que contagiava as bancadas e se propagava aos ouvidos do árbitro até este facilitar um penalti para os da casa?

1 Comments:

At 7:20 da tarde, Blogger Susana said...

É mesmo futebol à antiga... o Sporting já perde novamente!
Viva o Leixões!

 

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