Quem mendiga quer casa

Dado o recente agravamento do crédito bancário e a continuada estagnação do mercado de arrendamento, novas formas de adquirir habitação têm vindo a ser aperfeiçoadas pelos menos abonados. Tudo se resume a erguer uma construção rudimentar à base de zinco e madeira, chamar a TVI e clamar por instalações dignas. O governo, pouco interessado em cargas policiais sobre malandros ociosos em véspera de legislativas, opta as panaceias habituais, que é como quem diz, realojar a "malta" em guetos coloridos.
Em rigor, baixo rendimento não é necessariamente sinónimo de pobreza mas, na maioria dos casos, de inoperância fiscal. Recuso-me liminarmente a comparticipar a nova gaiola de um passarão saudável e possuidor de um LCD maior que o meu.
Para mais, é dado excessivo destaque a esta inflamada revolta da plebe, o que se torna especialmente aborrecido quando para tal são usados os meios de informação públicos. Vejamos: pagamos-lhes a casa, o médico, a escola e o centro de reabilitação. Teremos também de financiar e a publicidade à sua miséria?
E a mim, quem me acode? Senhores, sofro por um T2 a estrear, em zona nobre e com garagem. É para abater nos impostos, se faz favor.