sábado, fevereiro 2

O delírio da esplanada

Transversal a qualquer moda passageira, o delírio da esplanada veio para ficar. Sou diariamente surpreendido por gente ponderada e instruída que, de olhar inquieto e coração palpitante, procura mesa na “lá fora”, onde já se instalou 80% da manada.
Confesso nada ter contra esplanadas, julgo até constituírem uma oportunidade sublime para desfrutar sossegadamente do ambiente bucólico, saboreando um vinho de eleição. Fico contudo bem mais céptico quando o cenário disponível passa por apanhar um "frio de rachar" ou um “calor de ananases” numa cidade suja e hostil, partilhar um espaço exíguo com dezenas de pessoas barulhentas, sentar-me numa cadeira de plástico suja de caca de gaivota ou colocar calços de cartão numa mesa desengonçada enquanto uma rajada de vento faz desaparecer o guardanapo que acabei de usar.