domingo, junho 7

Europeias 2009

Comovido com o apelo do Presidente da República à participação cívica dos eleitores neste acto de 7 de Junho, suspendi o ataque aos caracóis e dirigi-me ao local habitual de voto.
Cumprimentei discretamente a equipa de serviço que me esperava numa sala refundida da escola primária n.º 2 da Cova da Piedade. Esta retribuiu, berrando o meu nome a plenos pulmões e registando a minha presença no caderno eleitoral.
Segui depois para a cabine de voto, local solene revestido a acrílico azul, decorado com uma bic centenária que aguardava o meu juízo sábio.
Olhei cuidadosamente para o boletim, onde treze partidos se perfilavam por ordem alfabética tentando captar a minha simpatia. Meditei um pouco, procurando conotá-los com alguma ideia ou projecto europeu. Um esforço meritório, sobretudo após uma campanha eleitoral tão esclarecedora e onde as quezílias da política interna foram sempre deixadas à margem...
Dobrei o papel em quatro e retrocedi à urna. Sem delongas, deixei deslizar a minha contribuição democrática pela ranhura, perante o olhar sorridente dos vogais da mesa.
O simbolismo do acto lembrou-me que cumpri uma vez mais o meu dever. O eco de uma caixa vazia e o brilho de um domingo soalheiro sugerem-me que terei sido um dos poucos a fazê-lo.