domingo, maio 27

O caso Madeleine

Numa altura em que o desaparecimento de Madeleine divide atenções com o cão do Mourinho, apraz perguntar: será que não se passa mais nada de interessante no mundo?
A panóplia de repórteres, os inesgotáveis tempos de antena, os generesos fundos bilionários de apoio e as estrelas do futebol com uma lágrima no canto do olho, fazem-me pensar que se o capuchinho vermelho reaparecer impediremos o aquecimento global e chegará finalmente a paz à Palestina.
Os ingleses estão a aprender connosco o “b-a-ba” do jornalismo sensasionalista. Já não bastavam o Rui Pedro e a Joana, tínhamos ainda de amplificar o descuido de dois “bifes”, que tomaram a sensata decisão de passar umas férias relaxantes em Portugal com a sua ninhada de putos.
Quem já fez excursões por terras lusas com um grupo de crianças sabe bem o que a casa gasta: perde-se sempre um.

segunda-feira, maio 21

Níveis de equipamento

A indústria automóvel há muito compreendeu que para vender não basta um bom produto. Se a tendência para fazer esponjar no capot das viaturas uma bela modelo já é uma técnica com barbas, outras há que têm sido recentemente adoptadas pela maioria das empresas deste ramo de actividade.
Ainda me custa a aceitar que a luz de cortesia para o passageiro ou o porta-copos constem da listagem de características do recheio dos automóveis, fornecidas numa brochura que prima pela qualidade do papel e pela desonestidade dos elogios.
Fico também incrédulo ao verificar a vergonhosa designação dos níveis de equipamento. Se os carros melhor apetrechados poderão sem problemas ter uma nomenclatura que aluda a topo de gama, será mais difícil compreender o porquê do nível base ter designações tão estapafúrdias como “Premium” (Peugeot 307), “Sport” (Honda Accord) e “Reference” (Seat Ibiza).

segunda-feira, maio 14

Meio copo de gin

Deus criou Terra com um único propósito, possibilitar aos trabalhadores da Schweppes um local aprazível para produzirem água tónica, 70% da melhor mistura líquida da Via Láctea (o restante é composto por gelo, limão e uma quantidade comedida de gin da Bosford).
Dito isto, livrem-se de argumentar que um exemplar caprichado é composto por meio volume de gin e meio de água tónica!
Quem discordar, merece ficar fechado num celeiro siberiano até 2049, altura em que será descoberto por um grupo de extraterrestres esfomeados.