sexta-feira, abril 28

Carlos Oliveira Nabais, o discriminado

Em época de debates acessos sobre liberdade, igualdade e direitos das minorias, põe-se a seguinte questão: será que se esqueceram todos de Carlos Oliveira Nabais? Este utilizador do sistema operativo Windows XP está a ser vítima da mais cruel e rude discriminação. Senão vejamos, o seu irmão mais novo, João Oliveira Nabais, pode sem problemas organizar os seus ficheiros de arquivo numa pasta nomeada com as suas iniciais: JON. Pelo contrário, Carlos está impossibilitado de fazer o mesmo. Porquê?

Quem não acredita experimente criar uma pasta CON.

terça-feira, abril 25

A nobre arte de gamar

O estereotipo do bandido tradicional divide-se em:
- Bandido do tipo 1: indivíduo de estatura média, encarapuçado, vestido de negro e com um saco de serapilheira às costas;
- Bandido do tipo 2: presidiário foragido, barba de 5 dias, indumentária com riscas horizontais pretas sobre fundo branco e número identificativo.

Em rigor, qualquer um pode ser gatuno. É sabido que um fato e gravata transformam o rei dos burgessos num cidadão acima de qualquer suspeita*; uma jardineira azul com a inscrição "JR Simões – Mudanças", também. Para compor o ramalhete basta apenas uma Ford Transit branca, preferencialmente estacionada em segunda fila. Depois é só agir com naturalidade. Esse é, indiscutivelmente, o conceito-chave da nobre arte de gamar. Proceder como se nada de errado estivesse a acontecer, roubar descaradamente e com um sorriso nos lábios, inclusive solicitando a colaboração do sujeito visado para "dar uma mãozinha", auxiliando a colocar o material furtado na carrinha...


* ver post Fatos factuais

sábado, abril 22

Carteiristas

A infância é um período fundamental para a definição da personalidade de um indivíduo. É tempo de se “torcer o pepino”, isto é, de se cultivarem valores morais, de se aprender a usar um canivete suíço e, sobretudo, de se escolher o clube de eleição.
Podemos trocar muitas coisas na vida: de casa, de emprego, de partido, de mulher e até sexo, mas a paixão clubista permanece até à morte.
Foi por isso que eu, rapazola reguila de cabelo cortado à tigela, equacionava cuidadosamente as possibilidades existentes. Influenciado pelos meus colegas de infantário, lampiões amestrados como a esmagadora maioria da ralé almadense, confesso que estive quase a ceder. Em busca de uma opinião sábia procurei os conselhos do meu pai. A sugestão foi elucidativa: "os sócios do Benfica roubam carteiras no metro para poderem pagar as quotas". Na altura desconhecia o que eram sócios ou quotas, mas sabia que roubar era uma coisa muito feia e o certo é que o argumento me convenceu. Para mais, evito frequentar o metropolitano e é um facto que tenho escapado ileso aos ataques dos benfiquistas.

terça-feira, abril 18

Um flagelo chamado H5N1

O mundo está em alerta vermelho. O risco de uma epidemia causada pelo H5N1 ou por uma das suas mutações é real, uma séria ameaça que não devemos subavaliar.
Porém, parece-me mais apropriado deixarmos o histerismo para quando o Mantorras jogar 10 minutos sem lhe saltar o menisco. Ao abrirem noticiários com a notícia-choque de que morreu um gato no Norte da Alemanha, insultam quem procura saber o que se passa no mundo. O cão do rapaz do 3º esquerdo foi atropelado e só eu e a vizinha do rés-do-chão é que tomámos conhecimento, nem sequer se chamou o Tal e Qual para ir atrás do condutor-assassino, ainda a monte.
E que tal falarem um bocadinho do flagelo fome? Ouvi dizer que chega a matar tanto quanto a gripe das aves! Para mais, estou com saudades daqueles meninos africanos cheios moscas à volta da boca e com os ossos a rasgarem a pele.
A ver vamos se o ganso-patola que espirrou ontem à noite, num longínquo lago da Hungria, não será motivo para convidar os mais credenciados ornitólogos para o próximo Debate da Nação.

Moral da fábula: atirei o pau ao gato mas o gato morreu constipado.

sexta-feira, abril 14

O misterioso WC masculino

Se é certo que o WC das senhoras (ou WS, como já vi escrito) é um local misterioso*, que dizer da casa de banho dos cavalheiros?
Enquanto “mudava a águas às azeitonas", movendo impiedosamente uma gigante bola de naftalina da direita para a esquerda, consegui abstrair-me das necessidades fisiológicas, meditar um pouco e enumerar as seguintes questões:
- Porque será que todos os homens têm o ímpeto natural de começar a desapertar a braguilha antes de entrarem nos lavabos?
- De onde surge a tendência crónica para pressionar o botão de descarga do mictório/autoclismo antes de acabar o “serviço”?
- Porque elegemos o manual de instruções do DVD e os panfletos promocionais do Contiente como companheiros inseparáveis de leitura num momento em que nos deveríamos estar literalmente a cagar para tudo?
- Porquê insistir em sair do WC sem ter secado bem as mãos, se encontramos sempre um amigo que nos estende invariavelmente o “bacalhau”?


* ver post O misterioso WC feminino

terça-feira, abril 11

Quotas mínimas

A sociedade portuguesa permanece conservadora sendo que as mulheres, longe de constituírem uma minoria, estão ainda ausentes de muitos dos círculos de decisão. A assembleia da república é disso exemplo, o governo confirmação.
Assim, decide-se acabar com este mal enraizado e – zás trás pás! – quotas mínimas de mulheres no hemiciclo.
Estou inteiramente de acordo que o mérito, o currículo e a experiência sejam requisitos exigidos aos representantes da nação, parece-me contudo exagerado incluir “seios” e “vagina” na lista de atributos.
Analisando friamente a problemática põe-se a questão: estará a actual maioria de parlamentares, homens feios e maus, investida de méritos e superioridade intelectual sobre toda e qualquer mulher do país? A resposta é, evidentemente, não.
Porém, a imposição de regras artificiais poderá ocasionar um efeito dominó: transmontanos, pretos, indivíduos com cara de cu, licenciados em Engenharia Química, duendes da floresta, homossexuais, sócios da União de Leiria e revisores da CP terão também elementos capazes nas suas fileiras, ditando a coerência que os incluamos no genial enquadramento legal das quotas mínimas.

sexta-feira, abril 7

Uma salva de palmas

As palmas são o corolário perfeito no final de uma boa peça de teatro, de uma actuação musical sublime ou sinal de reconhecimento quando o Sá Pinto sai aos 78’ após actuação de leão, 1 golo e 2 assistências.
Não compreendo como, em diversos espectáculos de entretenimento, o anfitrião ou convidados possam abusar de tão sublime manifestação solicitando ao público “uma salva de palmas para o senhor X”.
As palmas só fazem sentido quando são espontâneas, não devendo nunca ser pedidas. Aí, deixam de ter significado, perdem ênfase, desvalorizam quem as bate o intento de quem as pediu. Para mais, é criminoso de forçar a “brigada do reumático” a degradar os seus frágeis ossos saudando calorosamente a Fátima Lopes.

sábado, abril 1

Publicidade? Não Obrigado!

A publicidade é uma das pragas mais assustadoras dos tempos modernos. Superou, na minha escala de ódios, os ataques cruéis dos pombos ao meu estimado automóvel.
Não me refiro à publicidade em geral mas sim, especificamente, à publicidade spam que tem infestado a minha caixa de correio electrónico recentemente.
Por isso gostaria de deixar bem claro, de uma vez por todas, que não preciso de Viagra, apesar de custar apenas $15. Também não quero saber de relógios Rolex, tenho um Camel com bracelete em cabedal que funciona lindamente e, caso falhe, recorrerei ao telemóvel para ver as horas.
Não tenciono ajudar uma criança que sofre de um raro síndrome que lhe dilacerou a face e os membros, faço até questão que morra lentamente e sofra tanto quanto eu estou a sofrer com estes e-mails de merda.
Não acredito em correntes de amizade que realizam desejos mágicos e não me caiu uma pedra em cima por não ter reenviado o último mail do género a 10 pessoas.
Sou atraiçoado diariamente pelos meus próprios amigos que me enviam coisas do género “isto é mesmo verdade”. Cães desaparecidos, crianças violadas pelo tio e pessoas espancadas pelo segurança do centro comercial são casos de polícia, vão à esquadra e façam queixa, não me entupam o correio!