domingo, agosto 24

Parvos, e muito

As recentes campanhas da Media Markt e da Staples Office Center fizeram-me repensar seriamente os princípios do marketing publicitário.
Imaginem a seguinte situação: o nosso plasma full HD de 42” avaria dois meses após o termos comprado. Transtornados e com o aparelho às costas, entramos na Staples/Media Markt para desfazer o molho de brócolos. Eis que nos surge um técnico com óculos à nerd e gravata mal amanhada, gritando num tom de voz irritante: “Eu é que não sou parvo!” ou “Steples! Stoples! Stuples!”. Evidentemente que se abre caminho à violência gratuita, materializada no espancamento ininterrupto do crânio do indivíduo com uma coluna de ventilação, acto que só termina quando as meninges deste estão perfeitamente disseminadas no chão do estabelecimento.
Eu sou mais pela tradição. Sinto uma inconsolável avidez consumista sempre que vejo uma modelo de leste a promover um spray para os plásticos do carro, um champô para cabelos oleosos ou um colchão insuflável para acomodar visitas, ainda que neste último caso um tigre de Bengala resulte igualmente bem.

quarta-feira, agosto 13

Bullying

Há um novo rebuçado a adoçar as já muito cariadas bocas daqueles que ganham a vida a interpretar fenómenos sociais. Não bastavam as condições de degradação das escolas, as trapalhadas na colocação dos docentes ou os enganos nos exames nacionais, agora temos também o bullying.
De acordo com a indesmentível wikipedia, esta é a dimensão da tragédia:

Bullying é um termo de origem inglesa utilizado para descrever actos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou "valentão") ou grupo de indivíduos com o objectivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz/es de se defender.”

Este pomposo estrangeirismo não é mais do que o renomear do nosso genuíno “espancar os marrões e caixas-de-óculos”. Tal prática, socialmente aceite, decorre há décadas sem prejuízo do equilíbrio sentimental entre vítimas e agressores.
Desde o final do serviço militar obrigatório e do afastamento do major Valentim Loureiro que se tentam extinguir da sociedade portuguesa todas as manifestações de cariz violento. Estou certo que interferir com a lei da selva (inteiramente aplicável no universo escolar) é abrir mais uma caixa de Pandora. Zeus tenha dó de nós.

domingo, agosto 10

A batalha da Quinta da Fonte

Entretidos que estamos com a guerra dos combustíveis, eis senão quando (e por feliz ironia do destino) se inicia outro conflito sangrento: frente-a-frente as duas etnias responsáveis por 90% da criminalidade do país – pretos contra ciganos – sob o lema: “quem trafica somos nós”.
Perante o olhar atento (mas inoperante) da polícia, a batalha da Quinta da Fonte figurará, como Aljubarrota, nos anais da história bélica do reino de Portucale. As espadas e as flechas deram entretanto lugar às caçadeiras e às pistolas 9 mm, mas as causas permanecem as mesmas: pilhar para reinar, reinar para pilhar.
A solução para este problema está há muito inventada, embora a sua utilização peque por escassa na sociedade da tolerância e dos brandos costumes.
Venha de lá esse Napalm que já estamos fartos da malta do graffiti e dos amigos do alheio!

(o tráfico de drogas segue dentro de momentos com as máfias de leste)

domingo, agosto 3

Insónia

Não consigo adormecer, bem tento contar carneiros mas só consigo visualizar o MultiBanco do “chui” que me autuou. Estou indignado, não há o direito de roubarem um homem sério!
Que forma tão dolorosa de desembolsar 120 €… tudo seria mais simples e prazenteiro se, ao invés, tivesse:
- Incendiado um barril de petróleo em plena Galp;
- Assistido ao baloiçar das mamas das Gina em sessão privada do Passerelle, por três vezes;
- Adquirido 77,4% da "Gamebox Adepto", que me permitirá ver o Sporting esmagar em casa todos os adversários da Liga Sagres 08/09;
- Acendido seis charutos Monte Cristo com notas de 20 €;
- Comprado aquele media center de 500 GB que tive na mão e não levei com o argumento: “120 € é muita massa”.