domingo, outubro 29

Toque retal

“Eles andem aí” – uma vez mais a sabedoria popular acerta na mouche. Longe de mim atacar novamente o poderoso lobby gay recorrendo ao insulto fácil. Desta vez venho munido com um raciocínio dedutivo poderoso.
O que vem a ser isto do toque retal? Deixem ver se entendi bem a explicação médica: introduzem-nos o indicador recto acima para verificar se a próstata cresceu demais? Meu Deus, e eu a pensar que só os tarados dos ginecologistas alinhavam nessa do “meter o dedo para ver se está tudo nos conformes”.
O homem já esteve na lua, a televisão digital está a chegar, a endoescopia tem anos, assim como o TAC e uma infinidade de exames high-tech, querem convencer-me que a ciência parou à porta do meu cu? Caramba, ninguém me põe dedos no rabo, pelo menos com essa desculpa esfarrapada.
Sempre pensei que se evitasse o metro conseguiria conservar a minha virgindade anal, vai ser muito difícil convencerem-me do contrário.

sábado, outubro 21

Literatura de casa-de-banho

Esta pequena dissertação é uma homenagem a todos os que, num esforço monumental e com uma veia a saltar da testa, conseguem encontrar espaço para a leitura, ainda que o seu conteúdo se assemelhe ao fedor no ar...

Após um dia de luta incansável contra os nossos intestinos, chegar a casa proporciona-nos o reencontro desejado com uma loiça sanitária familiar. É altura de envergonhar as sequóias da Amazónia com a nossa interpretação da alheira de Mirandela em barro orgânico.
O que me questiono neste acto fisiológico primitivo é a escolha da literatura para o momento. Pessoalmente penso que uma Auto-Hoje acabadinha de comprar é a parceira ideal. Há quem prefira a Dica da Semana, com toda a informação sobre as promoções do LIDL para os dias vindouros. Os mais clássicos vão pelo manual de instruções da televisão, uma companhia simpática para quem ainda não acertou o relógio da mesma.

sexta-feira, outubro 13

Ensino à bolonhesa

Longe vão os tempos em que ouvi falar pela primeira vez do tratado de Bolonha, estaria porventura a caminho bar da faculdade ansiando por uma torrada especial em pão saloio.
Alguns anos volvidos e muita asneira propagada sobre este acordo europeu, eis que o mesmo está prestes a entrar em vigor.
Os cursos estão longe da propagada reestruturação, desconhecendo-se que cadeiras se extinguem e quais se fundem, para desespero dos professores e júbilo dos alunos.
Nesta mega-receita de sucesso os ingredientes são picantes e altamente indigestos: as conversões de créditos (para além de todas as outras vicissitudes da transformação de um sistema pré num pós-Bolonha) deverão ser adicionadas às normais transferências inter-licenciatura, suspensões e regimes especiais, decretos-lei, portarias e regulamentos internos, multiplicados por todos os cursos e todas as faculdades.
O modo de preparação é simples, debater muito e decidir pouco, adiar e assobiar para o lado.
O cozinhado está prestes a ser servido... e viva o ensino à bolonhesa!

quinta-feira, outubro 5

Os putos

As crianças são a melhor coisa do mundo, pelo menos para os pedófilos. Espero não ser censurado por preferir alemãs malucas sem soutien. Gatinhar, chorar e sujar fraldas são proezas que os mais velhos também conseguem fazer, a minha avó que o diga.
Fui convidado a participar no aniversário de um primo meu que completou recentemente um ano. Como fica mal aparecer “de mãos a abanar” lá tive de derreter uns cobres num comboio articulado, cortesia dos trabalhadores chineses da cadeia Toys ‘R Us.
Após ter ajudado o meu primo a desembrulhar a geringonça, constatei que ele deixou as locomotivas a um canto e começou a brincar com a cartolina que outrora lhes servira de suporte.
Não censuro o pequenote, eu próprio fui protagonista de uma cena semelhante quando, num longínquo Natal da década de 80, rejeitei interagir com um tractor telecomando caríssimo, oferecido pelo meu pai, para andar a brincar aos índios a semana inteira, empunhando um arco e flechas em plástico (provavelmente provenientes da feira de Carcavelos) gentilmente cedidos pela vizinha do lado.