quarta-feira, novembro 30

Função Pública

Muito mal se tem dito da Função Pública. Preguiçosos, acomodados, apáticos, são apenas alguns dos adjectivos usados para caracterizar trabalhadores que tudo têm feito para que o país progrida. Tal não passa de vil difamação, a verdade tem de ser reposta!

Outro dia tive o prazer de me deslocar às instalações de um Instituto Público. Ao percorrer o corredor principal de um dos pisos inteirei-me da atmosfera laboral contagiante que emanava de cada gabinete: uma técnica pintava a lápis de cor uma carta de formato A1, sacrificando possivelmente 3 semanas do seu expediente para poder poupar o uso dos dispendiosos cartuchos da impressora; 4 engenheiros discutiam o melhor local para ir almoçar, o que é extraordinário visto passarem apenas 20 minutos das 10 horas… que invulgar sentido de planeamento e trabalho de equipa!; um estagiário debatia-se com uma complexa paciência de cartas em ambiente Windows 2000. É incrível como alguém se consegue concentrar daquela maneira trabalhando num sistema operativo obsoleto; o segurança do edifício lia atentamente o último número da revista Playboy. Estaria decerto em busca de informação relativa a sistemas de segurança. Do que pude constatar existe um inovador modelo de câmara de vigilância que possibilita visualizar as pessoas sem roupa, permitindo detectar a presença de armas ou explosivos.

terça-feira, novembro 29

Criatividade verbal

O advento da informática trouxe-nos uma panóplia de novos verbos:
Exemplos:
- Usar a tecla delete: DELETAR
- Carregar nos botões do rato: CLICAR
- Imprimir um documento: PRINTAR

Usando um pouco de criatividade podemos suprir a falta de algumas outras formas verbais.
Eis as sugestões:
- Comprar um desodorizante Maverick, um gel de banho Pool e um saco de comida para cão Orlando: LIDLIAR
- Comer o melhor snack de chocolate do mercado: KINDERBUENIZAR
- Praticar relação fugaz de cariz sexual com rapariga perversa: ARREBIMBOMALHEAR
- Ter um só joelho, jogar no Benfica e falar pretuguês: MANTORRIZAR

segunda-feira, novembro 28

Limpos e Engomados

1 Em cada 100 animais racionais tem um dom: o da “limpeza e arrumação inatas”. Eu tenho o privilégio de já ter conhecido dois ou três espécimes.
Apesar de passarem despercebidos à maioria dos mortais, indivíduos como eu, martirizados por uma vida de camisas enxovalhadas e calções com nódoas eternas, não podem deixar de reparar no que é por demais flagrante.
Numa aula da faculdade, ao invés de prestar atenção à matéria, observava um dos raros indivíduos dotados das habilidades mágicas citadas. O cabelo luzidio e a camisa impecavelmente engomada combinavam na perfeição com as calças irrepreensivelmente vincadas. Eis o detalhe sublime: a sola branca do sapato! Para espanto meu era mesmo imaculada, tal qual calçado por estrear na montra da loja. O mito talvez seja mesmo verdade, é possível caminhar permanentemente sobre um tapete celestial, anti sujidade, pastilhas e, evidentemente, fezes de cão.

sábado, novembro 26

Carros de Bombeiros

Todos os Natais acompanho a evolução de um dos mais importantes nichos da indústria de brinquedos, o segmento dos carros de bombeiros.
Observo com preocupação o fenómeno do crescimento desmesurado dos veículos. Por mais que os petizes gostem deste brinquedo penso que começam a ficar assustados. Afinal, todos sabemos que os quartos de criança têm áreas reduzidas e armazenar uma frota de carros de bombeiros gigantes até à adolescência não é nada fácil.
No sentido de dar voz à miudagem lanço daqui um apelo: “Papás e avós: livrem-se de oferecer mais carros de bombeiros aos meninos!”. A pequenada com quem falei está tão desesperada que até admite reduzir hostilidades aos enfadonhos pijamas de flanela. Estes sempre se podem sujar e rasgar com facilidade enquanto que destruir uma peça metálica maciça com mais de um metro de comprimento é tarefa hercúlea, mesmo para um jovem terrorista.

sexta-feira, novembro 25

O misterioso WC feminino

Porque será que as senhoras frequentam a casa de banho de 15 em 15 minutos e sempre aos pares?
Partindo do princípio que nem todas as mulheres têm incontinência urinária, problemas intestinais permanentes ou vontade insaciável de se masturbarem (o que poderá ser um pressuposto errado) as idas ao WC escondem um motivo misterioso.
Do que aprendi no meu curso, canalizações em cobre, PVC ou PEX não têm qualquer interesse depois de estarem devidamente dimensionadas e executadas. A limpeza das caixas de reunião/visita é tarefa suja, desinteressante e merdosa (o adjectivo vem mesmo a calhar).

Vinha atarefado do “meu” WC, o imundo lavabo dos homens, procurando fechar a braguilha (o eterno esquecimento masculino) quando observei que na toilette feminina uma madame quarentona estava igualmente de saída. Os 2 segundos que a porta demorou a fechar-se puderam elucidar-me perfeitamente.
A minha olhadela indiscreta desvendou que o espelho é afinal o que atrai as mulheres, quais moscas para a luz azul. Em que outro lugar do quotidiano se pode encontrar um espelho de dimensões gigantescas, distante dos comentários recriminatórios machistas? A amiga é necessária para opinar: o cabelo, o baton, o nível do decote, tudo tem de ser aprovado pela “inspecção” antes de saírem da casa de banho aos pares, radiantes e sorridentes.

quinta-feira, novembro 24

“Entre aspas”

As aspas são uma das mais potentes ferramentas do discurso escrito e falado.
A maior barbaridade transforma-se num elogio, o corno insultado baixa o punhal quando o provocador argumenta que é tudo entre aspas.
O uso das aspas pode ser complementado com o sentido figurado. O funcionamento é semelhante ao da acção combinada do preservativo e pílula, se um falhar o outro impede que se tenha de abortar a situação, isto é, se a pessoa visada achar que mesmo entre aspas o comentário é desmedido, basta retorquir: “Mas meu amigo, era tudo em sentido figurado” e até nos abraçam calorosamente…

No entanto, a correcta aplicação das aspas tem muito que se lhe diga, pequenos enganos podem levar a conclusões perniciosas. Atente-se ao exemplo:
- O José Castelo Branco é “homem”.
Removidas as aspas a frase não faz qualquer sentido.

terça-feira, novembro 22

José Miguel Baio Dias

Os Judeus criticavam os Nazis por lhes tatuarem no braço um número para identificação. Se o método fosse aplicado aos professores evitavam-se alguns equívocos.
Tive em tempos um professor verdadeiramente suis generis. Apresentou-se como Miguel Baio e leccionou as minhas aulas práticas de Topografia durante um semestre. Quando chegou final do período lectivo, momento dos alunos avaliarem os professores nas famosas “fichas-mão-se-sabe-bem-para-que-servem-IST” indagámos o professor catedrático no sentido de saber o código do docente Miguel Baio, visto que apenas constava como professor das práticas um tal José Dias. Quando o professor nos revelou que Miguel Baio era José Dias a risota foi total.
Eis a minha salutar sugestão para o professor brincalhão: ainda pode tentar José Miguel, Baio Dias, José Baio e Miguel Dias.

segunda-feira, novembro 21

Junho e Julho

Junho e Julho, sexto e sétimo meses de cada ano, são geradores de confusões constantes. Quem nunca teve necessidade de esclarecer se a data de aniversário de um amigo era 2 de Junho ou de Julho? A resposta é geralmente o grunhido “nho, nho” ou “lho, lho”... Qual é afinal a necessidade de adoptarmos nomes tão semelhantes para meses consecutivos? A alteração do calendário gregoriano é imprescindível!
Para satisfazer Gregos e Troianos, mantendo igualmente uma certa coerência, basta substituir os nomes dos meses em causa por itens de um “pote” onde haja muito para escolher.
Como exemplo, poder-se-ão adoptar nomes de actrizes pornográficas famosas, filmes em que Samuel L. Jackson participou ou árbitros que beneficiaram o Benfica na época 2004/2005.

domingo, novembro 20

20 Argumentos para dizer NÃO ao aborto

Muito já se disse e escreveu sobre a interrupção voluntária da gravidez. Sem me querer alongar em debates acessos que quase sempre acabam à estalada, aqui ficam sintetizados os argumentos que uso em defesa do NÃO:
- Preservativo
- Pílula
- Pílula do dia seguinte
- Dispositivo Intra-Uterino
- Diafragma
- Sexo oral
- Sexo anal
- Coito interrompido
- Sexo com raparigas não menstruadas
- Sexo com mulheres pós-menopausa
- Abstinência sexual
- Masturbação
- Voyeurismo
- Zoofilia
- Necrofilia
- Esterilização
- Homossexualidade
- Sexo virtual
- Sexo com boneca insuflável
- Sexo com ser alienígena (ainda não testado)

… e as infinitas combinações entre eles.

sexta-feira, novembro 18

Pró caralho!

Mandar alguém “pró caralho” não é de todo difamatório. Tem, como passo a demonstrar, uma função de índole laboral e/ou pedagógica.
Pénis é decerto o primeiro sinónimo que associamos ao vocábulo caralho. Contudo, a Academia Portuguesa de Letras define caralho como “a palavra que denominava a pequena cesta que se encontrava no alto dos mastros das caravelas e de onde os vigias perscrutavam o horizonte em busca de sinais de terra”. Como é sabido, tal lugar do navio sofre grande instabilidade, devida sobretudo ao movimento lateral da embarcação. Compreende-se assim que o caralho fosse muitas vezes usado para punir comportamentos menos correctos de marinheiros infractores.

quinta-feira, novembro 17

O complexo universo familiar

Considero-me um indivíduo normal. Leio, sou interessado em ciência, política, no debate. No entanto tenho uma confissão a fazer: não entendo nada de parentescos. Será que isso é uma doença ou pelo menos uma falha cultural gritante? Acredito seriamente que sim, afinal todos parecem saber mais que eu sobre este assunto tão importante.
Vivi sempre feliz com o conhecimento base; domino os conceitos pai, mãe, avô, avó, tio, tia, irmão, irmã, primo e prima. Parece no entanto existir uma tendência generalizada para me tentarem humilhar pronunciando termos como cunhado, genro, nora, enteado…

quarta-feira, novembro 16

The English post

Portuguese Prime Minister insisted that having English lessons since elementary school is one of his major priorities. Although a good idea it won’t be enough to bring progress and prosperity to our beloved nation. In that case a global strategy is required.
Everybody agrees that the best way to learn a foreign language is to move abroad. Seems interesting, moving all Portuguese to England and making them return one year later... that would surely upgrade our English skills but, at the same time, raise a bigger problem. During that period Chinese wouldn’t have anyone to sell their stuff to, Brazilians wouldn’t have anyone to work for and Africans wouldn’t have anyone to steal from.
Russian maids have more to offer than astonishing eyes or easy blowjobs. They are an easy way to breakthrough the Iron Curtain and the path to become bilingual. Although a funny idiom, is absolutely useless (unless you want to sell weapons in Moscow or import illegal vodka).
So, my advice to all Portuguese hetero men is to have an English/American/Canadian/Australian lover, preference given to double D cups. Scottish/Irish/Welsh girls are bad choices because they have bad accents and smelly pussies.

terça-feira, novembro 15

Pão pão, queijo queijo

“Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque” é uma máxima que sempre respeitei. Clara, precisa e indesmentivelmente acertada, pautou permanentemente a minha conduta. Talvez seja por isso que até hoje não aceite bem a expressão “pão pão, queijo queijo”. O seu significado é dúbio e os itens foram escolhidos de forma infeliz. Penso que não devemos deixar de procurar uma solução que restitua a dignidade à frase popular. Os artigos implicados deverão ser diametralmente opostos e as sugestões sexuais serão sempre excelentes contributos. Como exemplos temos:

“Putas e vinho verde putas e vinho verde, senhoras e néctar de pêra senhoras e néctar de pêra”

“Urso polar árctico urso polar árctico, cilindro de rasto liso cilindro de rasto liso”

“Sporting Sporting, Benfica Benfica”

segunda-feira, novembro 14

Menus

O conceito menu pegou. Enquanto passeava pela zona de restauração do majestoso Almada Fórum observei chocado a nossa triste realidade. Não sei quem instituiu esta ideia mas o certo é que menu significa “artigo (hambúrguer, baguete, perna de frango) + batata frita servida em caixa de cartão + bebida de pressão ou garrafa de água”. Onde está a originalidade?
Eis as minhas sugestões para revolucionar o conceito menu:

Menu Kids: “artigo + pacotinho de gomas + um bongo”
Menu Vegan: “artigo + arroz de grelos + leite de soja”
Menu Antiga Portuguesa: “artigo + torresmos + tintol”
Menu Porno: “artigo + clitoris excisados + esperma”
Menu Bizarro: “artigo + larvas de mosca + pus”

domingo, novembro 13

No reino da Marquise

O comum portuga (aquele que pensa que o Benfica ainda é um “grande” europeu) tem como única e suprema realização pessoal edificar a sua Marquise.
O caminho para a felicidade é extremamente simples, basta adquirir um T2 no Feijó, pago a 40 anos e com uma ou duas boas varandas. Depois, é telefonar-se ao gajo que arranja esquentadores, que tem um primo que fecha varandas por bom preço (e sem IVA). Com um pouco de perícia, caso sejam contíguas, até dá para as ligar, formando um pequeno corredor.
Assiste-se assim, no panorama da nossa endinheirada classe média, a uma competição entre vizinhos. Os argumentos são o alumínio e o vidro, os cortinados e os estores. Tudo vale para ter a melhor e maior marquise.

Mas para que serve afinal a marquise? Ora, em que outro local se poderia guardar uma bicicleta infantil, a caixa de cartão onde vinha a televisão ou colocar uma pequena estante com fascículos sobre a segunda Grande Guerra que costumavam sair às quintas-feiras no Correio da Manhã?

sábado, novembro 12

Dar & Receber

O boato é poderoso. A sua base pode ser completamente estapafúrdia mas o certo é que ao passar de boca em boca ganha força e reinventa-se.
Estou até hoje para saber se o boato que passo a relatar tem um fundo de verdade.
Corria a notícia de que um rapaz que eu conhecia, um heterossexual assumido, tinha “levado no rabo”. Até aí nada de espantoso, a difamação infundamentada é prática corrente em rapazes de 12 anos.
Visto até me dar relativamente bem com o sujeito visado inquiri-o sobre esse assunto.
Talvez farto da perseguição de que estava a ser alvo procurou uma argumentação que o libertasse do estigma. “Levei mas também dei”, foi a resposta.

quinta-feira, novembro 10

Ai que linda menina!

Corria o final de 1985, a campanha presidencial seguia animada. Mário Soares procurava combater o enorme gap que o separava de Freitas do Amaral. Numa das suas inúmeras visitas a território comuna (para sacar votinhos a Salgado Zenha) esteve em Almada, mais precisamente na Cova da Piedade. Existia à época, nesta terra de gente boa e afável, o maior e melhor centro comercial do país, o Pão de Açúcar.
Ao colo da minha mãe, com dois aninhos e um cabelo cortado à tigela, aguardava a passagem do “Marocas”.
Mário Soares chegou e a multidão adensou. Entre beijos e abraços remou pelo mar de gente dirigindo-se para o local onde eu me encontrava. Parou diante de mim, fez-me uma festa nos cabelos e exclamou: “Ai que linda menina!”. Eu ainda respondi que não era menina mas o senhor já ia longe.
Agora, vinte anos volvidos, surgiu o momento da vingança. Tenho a maior arma de todas… o meu cartão de eleitor!

quarta-feira, novembro 9

Pontapés na paciência

Se há uma coisa que aprecio é ver o meu futebol na TV da sala, com uns tremoços bem salgados e uma Cristal muito fresca, daquelas que estão em promoção no Jumbo há mais de dois meses.
Mas, azar dos azares, a emancipação das mulheres é um facto, podendo estas atravessar a cozinha e invadir o reino do macho latino. Até aí tudo bem, escusavam é de grunhir frases como:
- Quem é que está a jogar?
- Mas o Benfica não joga de vermelho?
- Quanto é que está?
- Quanto é que falta para acabar?
Ainda por cima a resposta a estas perguntas está, no meu humilde ponto de vista, escarrapachada no monitor! No entanto, caso faça referência a tal e não me desvie, arrisco-me a ser atingido por um objecto voador.
Haja paciência!

terça-feira, novembro 8

Brindes gordurosos

O “brinde”é comprovadamente a forma mais eficaz de atrair o consumidor, disso não tenho qualquer dúvida. As pequenas bugigangas em plástico, os cromos, as fitinhas, os pega-monstros e um cem número de inutilidades coleccionáveis sempre fizeram as delícias de miúdos e graúdos. O que me custou sempre a entender foi o porquê dos brindes surgirem maioritariamente associados a produtos gordurosos. Vejamos: Bolicao, Estrelitas, batatas fritas Matutano, ovos Kinder. A coincidência é excessiva... arriscaria mesmo a dizer que quanto mais gorduroso e peganhento é o produto maior será a probabilidade de encontrarmos um presente no interior. Mal posso esperar pelo fim da banha de porco.

terça-feira, novembro 1

Fulano, Beltrano e Sicrano

Fulano, Beltrano e Sicrano são o trio português mais em voga, tendo superado os lendários Cocó, Ranheta e Facada.
Onde moram desconheço, assim como idades e profissões. O que realmente sei é que pelo menos Fulano anda metido numa grande alhada. Ainda há pouco tempo ouvi: “Fulano disse-lhe para ter juízo, senão dava-lhe um tiro”. Ora, se assim é, Fulano é agressivo e mau, ou pelo menos vingativo. Beltrano e Sicrano são menos vezes mencionados, mas surgem sempre associados às patranhas de Fulano. Em conversa com um conhecido pasmei quando ouvi: “É um facto, ele estava a vender droga a Fulano, Beltrano e Sicrano”.
No entanto, e apesar de todos os defeitos, Fulano revela também algumas facetas positivas como sejam o espírito irreverente e o gosto apurado por mulheres. Contou-me um amigo: “A loiraça de mamas descomunais, ainda nem estava no bar há 2 minutos e já estava de saída com Fulano, sabe-se lá para onde”.