terça-feira, setembro 27

Perigo na Estrada

As estradas portuguesas estão manchadas de sangue. O que fazer para controlar este fenómeno? A solução é simples mas talvez difícil de implementar… basta “apenas” eliminar os grupos de risco da circulação automóvel.
Deste modo mulheres, pretos num Fiat ou Renault com mais de 15 anos, malta do tuning ou utilizadores de um boné dos New York Yankees em período nocturno, bêbedos, drogados, velhos com um chapéu old fashion e óculos de massa à Marcelo Caetano, taxistas, condutores de carrinhas de caixa térmica, motoristas de camionetas de mudanças, xicos-espertos, xicos-burros, espanhóis, emigrantes franceses e condutores de fim-de-semana deverão ser proibidos de conduzir.
Desta forma, e fazendo umas contas por alto, sobram 35 portugueses dos quais 13 não têm carta por serem menores, 11 são invisuais, 9 que dizem que Almada está bem entregue nas mãos dos comunistas, um senhor chamado Paulo Paraty* e o único que preenche todos os requisitos, eu.

* ser (des)humano que, apesar de ter visto a falta grosseira do Luisão sobre o Ricardo, validou um golo que chocou mais que o massacre de Santa Cruz.

terça-feira, setembro 20

A minha Namorada

Ponto prévio: este post não é mais um ataque à crescente franja homossexual do condado portucalense. Como tal, os indivíduos supracitados poderão substituir o termo “namorada” por “namorado”, devendo ainda proceder a pequenas mudanças de género de modo a não afectar a concordância das frases.

Passo assim a relatar uma situação recorrente: encontro-me com um amigo de longa data algures num café semi-lotado em pleno Verão. Após os cumprimentos da praxe, eis que ele desfere o ataque: “Vim com a minha namorada”. Não é grave dizer que se tem uma namorada, mas parece-me exagerado fazer a afirmação a despropósito. As pessoas não dizem sem mais nem menos “Tenho umas boxers debaixo das calças”, “Gosto de pôr manteiga no pão com fiambre” ou “Cortei as unhas dos pés ontem à noite”.

Enquanto escrevia estas linhas apercebi-me de que a palavra namorada tem no seu interior amor (namorada). Mas tal não é uma surpresa pois não? Surpresa é ver o que fica quando o amor deixa de existir…

terça-feira, setembro 13

Saúde Segura

Assim como o Exército tem nos Comandos a sua tropa de vanguarda também a Securitas possui um batalhão para operações de alto risco. Refiro-me obviamente aos destacados para os Centros de Saúde. Aí, mais do que em qualquer outro lugar, a sua presença é indispensável. Preocupa-me no entanto o facto de só encontrarmos habitualmente um super-agente por Centro de Saúde. Então e se um gatuno decidir roubar compressas na sala dos pensos e, simultaneamente, um toxicodependente furtar uma seringa no consultório do Dr. Orlando? Um só segurança, ainda que pertencente à elite, não conseguirá dar conta de tudo! Para mais o dia destes “heróis” já está suficientemente preenchido... Junto da porta de entrada encaminham os utentes para o secretariado tendo por vezes de estender o indicador da mão direita como complemento à expressão fónica. Estão ainda incumbidos de verificar se o televisor da sala de espera continua a transmitir sem interferências o SIC 10 Horas ou de garantir que a pilha de revistas "TV 7 dias" de 1998 se encontra perfeitamente vertical. Como se isso não bastasse são forçados a olhar de forma perversa para as enfermeiras novatas, tendo ou não (dependendo da sua patente) de lhes conferir um apalpão no traseiro de modo a confirmar a qualidade do material.

terça-feira, setembro 6

Economias

Tolkien concebeu os elfos, os gnomos e os orcs, no entanto o seu universo está incompleto pois esqueceu-se de uma raça saída directamente do mundo da fantasia para o quotidiano lusitano: os “poupados”, indiscutivelmente os mestres da economia. O seu local de caça é preferencialmente o restaurante/snack-bar, movimentando-se de dia e de noite.
Entram, sorriem e sentam-se numa mesa. Quando surge o empregado e pergunta “O que deseja?”, respondem: “Olhe, era um copo de água, um palito e um guardanapo”. Os empregados, amedrontados, replicam: “Mais alguma coisa?”, “Sim, traga-me o sal, a pimenta e as chaves da casa de banho”. A ida à casa de banho serve não só para higiene pessoal mas também para rapinar um ou dois rolos de papel e encher um pequeno boião (trazido de casa) de sabonete líquido. Quando regressam à mesa saboreiam a água, requisitando por vezes gelo e até uma rodela de limão, enquanto assistem deleitados a um jogo na Sporttv. No fim pedem factura e saem, pasme-se, sem deixar gorjeta…