sexta-feira, dezembro 29

Engana-me que eu gosto

As mulheres têm por hábito dizer que os homens são todos iguais. Quem esteve no urinol sabe que isso não é assim.
É da natureza do sexo feminino duvidar das virtudes castas do namorado. Na esmagadora maioria dos casos a desconfiança tem efectivamente bases fundamentadas, salvando-se apenas os santos que não abdicam do seu celibato fora de portas. Por isso, quando o interrogatório começa, há que usar estratégias simples para manter a reputação imaculada.
Enquanto temos o cadastro limpo (ou, reformulando, enquanto a nossa namorada ignorar as “escapadelas”) podemos sempre usar o argumento: “Querida, mas eu alguma vez te enganei?”. Ao sermos apanhados em flagrante numa noite de maior descuido, basta trocar essa frase por: “Princesa, aquilo foi uma vez sem exemplo”. Quando o acumulado de traições constituir conversa de café numa povoação a 40 km e se tornar portanto impossível esconder a nossa poligamia, ainda podemos “salvar o coiro” com um: “Boneca, esquece o passado, temos um futuro tão doce à nossa frente”.

sábado, dezembro 23

Pedido de Natal

Talvez já não vá a tempo mas gostaria de deixar um apelo público: por favor família, amigos, namorada e afins, evitem oferecer-me um conjunto Denim composto por after shave, gel de banho e óculos de sol.
Sim, este Natal mereço um pouco de respeito, o que acham que as mulheres pensam quando detectam o odor a Denim num homem?
Hipótese 1: Ui, ui, que machão, vamos lá ver se o consigo levar para a cama.
Hipótese 2: Meu Deus, que forreta, mais valia que cheirasse a cavalo.

Passei ontem pelo supermercado e lá estavam os presentes envenenados, junto à caixa de pagamento, por apenas 10,99€. Pensei para com os meus botões: “a quem calharão*?”
Bem sei que o chamamento é tentador mas poupem-me desta vez à humilhação pública.
Estendo o apelo para os similares Old Spice e Springfield. O pack Adidas é negociável.
FELIZ NATAL!


* Calharão é das palavras mais perigosas que conheço. Mesmo estando alerta para o facto não consegui deixar de pronunciar caralhão quando reli o post.

terça-feira, dezembro 19

Vento na tromba

Viajar de carro proporciona emoções fortes, especialmente se estivermos com excesso de álcool, conduzindo no IP3 numa noite de nevoeiro.
Algo de muito curioso se passa quando seguimos descansadamente nos bancos traseiros de um automóvel, gozando da companhia de amigos ou familiares. Nas situações em que o vidro da frente do nosso lado se encontra aberto e provocar um terrível incómodo, temos de suplicar a quem de direito que tenha piedade e o feche de imediato, ou apanharemos uma broncopneumonia. Surpreendentemente, na esmagadora maioria das restantes ocasiões, esse ventinho na tromba não está a estorvar mas constitui até uma agradável brisa refrescante. Porém, é precisamente nessas alturas que somos confrontados com a pergunta insultuosa: “Queres que feche o vidro?”.

segunda-feira, dezembro 11

Desabafos

Estou desolado, nem o empate do “Benfas” na Figueira conseguiu amenizar um Domingo negro.

Para a minha mãe:
- A máquina de lavar e o aquecedor a óleo a trabalharem em simultâneo são, na actual conjuntura eléctrica da nossa habitação e como já te disse várias vezes, INCOMPATÍVIES. Agora, faz o favor de ressuscitar a fonte de alimentação do meu pc, entretanto queimada devido à brincadeira.

Para o indivíduo condutor de uma viatura branca que se raspou na ilharga do meu carro:
- Filho de uma grande puta, Deus é justo e vai-te proporcionar o sofrimento devido: seres empalado por uma vara pontiaguda embebida em álcool enquanto arrancam a pele do pénis com uma faca mal afiada e te puxam lentamente o globo ocular com um x-ato.

terça-feira, dezembro 5

As praxes

A época das praxes é um momento único para confraternizar com os dinossauros universitários. Bichos raros, sempre trajados de negro e dignos “representantes” da faculdade, são campeões da cerveja nos arraiais e recordistas de presenças nos exames dos cadeirões. O início do ano é, curiosamente, quando despendem mais energia nos estudos: o melhor processo de “integrar os novos companheiros” envolve planeamento, dedicação e génio, algo que anda afastado de suas carreiras académicas durante o restante período lectivo.
Os praxados, por entre sorrisos amarelos, lá vão fazendo de touros numa arena improvisada, rastejando pela lama e cantando brejeiradas sem nexo na secreta esperança de pertencerem ao rebanho.
A minha experiência pessoal é parca nessas humilhações mas penso que, como acto de justiça, devo manifestar a minha repulsa para com todas as manifestações infames e impunes que os intitulados “estudantes” fazem os mais jovens passar.
Há uma velha máxima do futebol que diz: “Os treinadores passam, o clube fica”. No universo académico o equivalente será: “Os que estudam passam, os veteranos ficam”.