quinta-feira, dezembro 29

Sempre a horas

Há um método infalível para ser pontual. Descobri-o após experimentação exaustiva e uma vida de testes “tentativa e erro”. A receita afinal é bastante simples: basta adiantar 5 minutos o relógio da mesa-de-cabeceira.
No entanto, conhecendo o “truque” de antemão, desconto mentalmente 5 minutos ao exibido no visor de modo a saber a hora certa. Assim, não só destruo o meu método infalível de pontualidade como faço também uma subtracção desnecessária.
Do futebol aprendi que “em equipa que ganha não se mexe” e, como nunca me atraso, mantenho teimosamente a hora desfasada do relógio.

terça-feira, dezembro 27

O Preço Certo

O Natal 2005 acabou, é agora hora de fazer o balanço. Roupa, dinheiro e algumas inutilidades (com honrosas excepções) compõem o ramalhete das prendas que mais uma vez recebi.
O preço dos artigos ofertados, supostamente secreto, acaba sempre por vir à tona. Se com os presentes provenientes do meu pai não é preciso fazer grande esforço, pois ele branda aos 7 ventos os valores antes e após promoção, posso constatar que outros intervenientes usaram uma técnica inovadora.
Antigamente era costume que se removessem totalmente as etiquetas, ou pelo menos se destacasse a parte que contém o preço, porém os lojistas decidiram que tal dá muito trabalho e optaram por “borrar” com marcador preto a zona onde se encontra registado o valor do produto. Acontece que, nas etiquetas até agora inspeccionadas, quando expostas à luz do candeeiro do meu quarto, consegui sempre decifrar o preço dos presentes... isto porque a tinta do marcador utilizada para cobrir o numerário é mais clara que a da inscrição original.
Por isso, cara Raquel, sei perfeitamente quanto desembolsaste pela linda camisa da Quebramar com que gentilmente me presenteaste. Espero que o facto de referir o teu nome neste escândalo de Natal não cause represálias às orelhas do burro das pantufas que te ofereci.

sábado, dezembro 24

Menino Jesus versus Pai Natal

O embate de titãs está de volta, o Pai Natal volta a pôr brevemente o seu título em jogo – “maior dador de presentes de Natal” – contra o eterno rival, o Menino Jesus.
Vencedor nas últimas 26 edições, o Pai Natal preparou-se com afinco para este match. Fechou contratos com os hipermercados Jumbo e Feira Nova (o Continente continua a apostar forte na Leopoldina), garantindo igualmente aparições diárias em spots publicitários diversos por toda a TV. Teve ainda de adquirir renas novas pois as antigas cheiravam mal e trabalhavam pouco. Apesar de “entradote” o Pai Natal assume o favoritismo, lembra a facilidade com que tem derrotado o seu arqui-rival nos últimos anos e afirma, em jeito de provocação: “Se ele [Jesus] não comeu a Maria Madalena, que era boa como o milho, também não vai comer um velhote pançudo!”.
Por seu lado, o Menino Jesus, challenger deste combate, tem levado muito a sério a sua preparação. Corre a notícia de que tem malhado forte num ginásio da Sobreda… “Quando cá chegou só queria multiplicar o pão, agora parece que também consegue multiplicar a massa muscular. O rapaz está um boi!” – confidenciou-me o seu personal trainer. Para além de uma forma física invejável, o Menino Jesus tem apostado numa campanha de charme, com custos suportados pelo sponsor de sempre, a igreja católica. Os apóstolos têm dado uma ajuda no marketing e até os padres suspenderam o sexo anal com crianças dos 6 aos 10 anos.

sexta-feira, dezembro 23

Clube dos Machos

As raízes lusitanas estão a desaparecer. A integração europeia e a mudança de mentalidades são alguns dos factores que podem explicar o anunciado final do genuíno macho português. No sentido de inverter esta tendência sugiro a criação de um clube que reúna os espécimes ainda existentes.
Os requisitos para entrada são:

- Ter bigode e pelos no peito;

- Bater na mulher frequentemente com o cinto;

- Possuir cartão de sócio do Sport Lisboa e Benfica;

- Gostar de imperial, de tremoços e de palitar os dentes com a unha do dedo mindinho;

- Apresentar especturação substancial pela manhã e exibi-la no passeio público.

- Usar mantas para proteger os assentos traseiros do carro e um fio com um crucifixo e/ou imagem de nossa senhora de Fátima pendurado no retrovisor.

quinta-feira, dezembro 22

Mãos lavadinhas

É regra de boa educação e asseio lavar as mãos antes de iniciar qualquer refeição. Porquê?
Meditei bastante sobre o assunto mas ainda não consigo encontrar uma justificação aceitável. Se excluirmos o frango de churrasco não conheço outro pitéu que se coma com as mãos. Eu utilizo talheres para todas as refeições: garfo, faca e colher. Eles são o meu elo de ligação à comida, evitando desta forma que os meus dedos toquem directamente nos alimentos.
Assim, em vez de educarmos os nossos filhos berrando-lhes: “Vai-me já lavar as mãos!” experimentemos pedir de forma doce: “Passa os talheres por água, se fazes favor”. A higiene alimentar e a boa educação agradecem.

quarta-feira, dezembro 21

Natal dos coitadinhos

Ano após ano o Natal dos Hospitais tem marcado o panorama televisivo nacional. Trata-se de um espectáculo de entretenimento de alto nível, tanto para os desafortunados que assistem ao vivo, como para as famílias portuguesas que rejubilam em casa. Recentemente foi também introduzido na grelha natalícia outro programa de índole semelhante, denominado Natal das Cadeias. A originalidade é certamente diminuta, mas a dimensão social do evento extravasa toda e qualquer acusação de cópia.
Compreendendo o potencial destes eventos lanço o apelo para que a saga continue… eis algumas sugestões:
- Natal dos Bordéis;

- Natal das Casas de Chuto;

- Natal das Morgues;
- Natal dos Emigrantes Ilegais com salário inferior a 300 euros;
- Natal da Opus Gay (peço desculpa, não resisti).

terça-feira, dezembro 20

Especialistas

O problema do deficit, dos impostos, do PIB, são temáticas recorrentes no “bate boca” de café. Estamos em crise, é certo, assistindo-nos evidentemente o direito a formar opinião sobre a situação. Será no entanto que temos todos formação e preparação suficientes para discutir fundamentadamente Economia e Finanças? É comum sermos brindados por reformados dos correios, AAE’s, agricultores e sapateiros “lançando postas de bacalhau” relativamente a estes assuntos.
Este fenómeno já acontecia há alguns anos no futebol (treinadores de bancada) sem efeitos nefastos, porém a tendência para a generalização a outras matérias é bastante perigosa. Qualquer dia decidimos todos opinar sobre medicina e aí vai ser bonito… haverá o grupo radical, defensor de amputações; haverá aqueles que utilizarão Prozac para acalmar dores no estômago ou Viagra para fortalecer o couro cabeludo!
E quanto ao futuro da Engenharia Civil? Far-se-ão inquéritos de rua para aferir novas regras de pré-dimensionamento de lajes fungiformes; surgirão comentários insultuosos sobre o Teorema Estático! Estamos perdidos…

segunda-feira, dezembro 19

O outro lado da árvore de Natal

Já muitos cantaram, falaram e escreveram sobre o outro lado da lua. Porém, não me lembro de ouvir comentários acerca do outro lado da árvore de Natal.
Encontrava-me em casa de um familiar deleitado com um exemplar de 2 metros de altura. Efectuei a contagem dos enfeites: 12 bolas prateadas médias, 12 maçãs vermelhas grandes, 3 renas dispostas a alturas diferentes, uma estrela dourada no topo e um conjunto de luzes de cores diversas. A árvore estava encostada a um canto da sala, pelo que não consegui desvendar que itens se escondiam no outro lado. Receio que, como acontece na maior parte dos casos, a parte posterior da árvore de Natal tenha sido uma vez mais esquecida. Se descontarmos o fio da iluminação que dá a volta à árvore, nenhum outro motivo natalício é habitualmente encontrado na fachada tardoz do pinheiro.
Ano após ano continuamos a menosprezar a metade oculta das nossas árvores de Natal, promovendo a discriminação e a desigualdade entre ramos de um mesmo pinheiro.

domingo, dezembro 18

O comboio da morte

Era manhãzinha, sentado num café almadense devorava deleitado um galão morno e um caracol, enquanto perscrutava a vitrina dos bolos para saber o que iria “atacar” a seguir. A TV estava ligada transmitindo os headlines matutinos. Na mesa do lado duas trintonas assistiam horrorizadas à notícia-choque: um comboio tinha descarrilado na Escócia, matando diversos ocupantes. Dizia uma para a outra: “Ufa, ainda bem que não fui trabalhar para a Escócia!”.
Tal afirmação leva-me a pensar que é prática comum todos os residentes das terras altas apanharem diariamente aquele comboio em simultâneo
e que, após a tragédia verificada, não sobrou ninguém com vida no país dos McLeod. Se assim é, penso que a senhora fez muito bem ter ficado em Portugal a trabalhar como secretária e a ganhar 500 euros mensais (ou 750 caso proporcione sexo oral ao seu patrão); caso apenas 100 pessoas estivessem no comboio e 20 sucumbido ao acidente, estamos perante uma dos comentários mais idiotas de que há memória proferidos em período matinal.


sexta-feira, dezembro 16

O Paradoxo do Voyeurismo

Na sequência da desmistificação de paradoxos apraz-me comentar o Paradoxo do Voyeurismo. Este pode assumir diversas formas:

- Dizer mal dos programas da TVI e não perder nenhum;
- Criticar quem vê pornografia e identificar na perfeição nomes como Heather Brooke, Ava Devine, ou Kelly Madison;

- Detestar o estilo, conteúdo e humor de um blog mas lê-lo e comentá-lo anonimamente, todos os dias.

quarta-feira, dezembro 14

ABC dos factores laborais

O sucesso na procura de emprego não depende de argumentos como qualidade do curriculum vitae, profissionalismo do candidato ou motivação demonstrada. Resumidamente, deverá apenas ser considerado o ABC dos factores laborais como condição necessária e suficiente da empregabilidade. Assim, temos:
- Factor A, de Alienígena, por envolver forças de outro planeta, muitas vezes também intimamente relacionado com o Factor C;
- Factor A’, de Aleatório, respeitante a cargos de somenos importância;
- Factor B, de Broche;
- Factor C, de Cunha, a boa e genuína espécie autóctone portuguesa.

terça-feira, dezembro 13

Restaurante "A Redentora"

Foi n’”A Redentora” que descobri o que era beber, o que era beber muito e o que era beber até aos limites da mais profunda estupidez.
Mas esta tasca não resume apenas ao álcool, há vida dentro do “bezano” a quem carinhosamente chamamos “titular”, por detrás da porta da cozinha (quiçá extraterrestre) e debaixo do soutien da Liliana.
O dono e responsável pelo serviço de mesa, António Ferreira (senhor António, para os amigos), é um funcionário dedicado e honesto. Pena não ter ainda decorado o cardápio, pois quando lhe perguntam o que há para comer, a resposta é clássica: “ora, há febras, bifinhos, alheira, bifinhos, alheira e também há febras”. O seu outro grande defeito é a audição desgastada que, muito embora abafe o barulho infernal que se instala todas as sextas à noite, o faz sempre entender “vinho” ao invés de “sumol de ananás”. Aliás, beber algo não alcoólico naquele estabelecimento é uma verdadeira odisseia pois o senhor António também confunde “Coca-Cola” com "litrosa". Salva-se ainda assim a "7up", misteriosamente camuflada sob o rótulo de "gasosa Areeiro". No entanto, para a beber pura, há que filtrar os 50% de vinho branco “Serrinha” (Quinta do Venâncio) contidos na mistura explosiva denominada "traçado", que tantos heróis toldou até hoje...



domingo, dezembro 11

Zé da Caçadeira

As muletas base de um discurso são o “prontos”, o “portantos” e o “pá”. No entanto, ao longo da minha vida, vim a conhecer outras curiosas: o “ali assim/aqui assim”, o “não é?” e a mais surpreendente delas todas, o “sa”. O autor desta espantosa invenção é o conhecido Zé da Caçadeira. A propósito de uma sua intervenção num programa do foro criminal, na insuspeita TVI, constatei que o famoso bandido polvilhava as suas frases com “sa” sempre que podia. “Sa” é uma singular abreviatura de “sabe?”. Escutei deleitado todo o seu discurso, de onde emanavam frases como: “Júlia, sa, um gajo, sa, quando entra num banco, sa, é melhor que esteja preparado para o pior, sa”.

sábado, dezembro 10

Desculpas

Quem nunca ouviu um comentador de futebol dizer: “Pedimos desculpa pelas falhas na emissão, facto a que somos no entanto alheios”. Esta justificação é prática comum após a transmissão ser interrompida e o ecrã da televisão ficar completamente negro ou, na melhor das hipóteses, surgir um logótipo do canal emissor com a mensagem “Retomaremos dentro de breves momentos”.
Ponto primeiro, se são alheios ao facto, porque é que pedem desculpa? Será que se um amigo meu violar uma miúda no metro eu terei de pedir perdão?
Ponto segundo, se a responsabilidade da transmissão decorrer sem problemas não é da estação emissora, de quem é, do pasteleiro do Pingo Doce? Pode ser contra-argumentado “a transmissão foi adquirida a uma outra cadeia televisiva”. Uma vez mais, recorrendo ao exemplo do pasteleiro, será aceitável que este desculpe o sabor duvidoso das suas bolas de Berlim com a má qualidade da farinha que ele próprio, de livre vontade, comprou?
Ponto terceiro, como é que me podem garantir que são apenas breves momentos e não longos momentos? Já agora, façam o favor de explicitar a conversão de momentos para segundos. Pedi à minha mãe no outro dia para me dar uma “engomadela” às calças do fato e ela respondeu: “Dá-me um momento”. Estou à espera até hoje…

sexta-feira, dezembro 9

Corpo de Deus

Talvez seja melhor não analisar com cuidado os feriados portugueses obrigatórios, caso contrário teremos de trabalhar mais dias…
Vou até dar de barato a Sexta-Feira Santa, apesar de vivermos num estado supostamente laico, mas decididamente não aceito o “Corpo de Deus”. Primeiro têm de me convencer que Deus existe. Eu até acredito que sim, mas também acreditava que o Sporting ia ganhar a taça UEFA e acabámos por levar 3 “batatas” na segunda parte da final. Depois, tão ou mais difícil ainda, têm de me demonstrar que Deus tem corpo. Não se podem criar feriados assim à balda, caso contrário ninguém me poderá impedir de conceber o feriado da “pata direita do Gambuzino”. Quando muito, visto que na missa se costuma dizer que a hóstia é o corpo de Deus, denomine-se “feriado da Hóstia”, livramo-nos assim da heresia.
Um apontamento final, porque é que não se trabalha no “dia do Trabalhador”? Se querem um dia de descanso renomeiem o feriado para “dia do Calão” ou “dia do Roger”, todos sabemos que é bom jogador mas não trabalha dentro de campo.

quarta-feira, dezembro 7

O Paradoxo da Punheta

Se quando nos masturbamos pensamos sempre em alguém, o que fazer quando essa pessoa está efectivamente presente no acto sexual? A resposta óbvia é: não pensar em nada, viver o momento. Mas como é possível que, após dezenas de vezes onde o trabalho manual era acompanhado por um pensamento depravado, possamos agora apagar metade do jogo erótico, reduzindo à parte física toda a acção?
A imaginação terá obviamente de continuar a desempenhar um papel activo. No entanto idealizar uma situação que está a acontecer em tempo real poder-nos-á baralhar. Embora longe do antagonismo, pensamento e sexo in loco em simultâneo, nas condições supracitadas, não funcionam decididamente bem.
Sempre nos resta recriar mentalmente uma cena quente com uma vizinha boa, uma ex-professora ou uma actriz porno. É, no mínimo, desleal! Para além disso, o que acontece se pronunciarmos Eduarda quando estamos com a Madalena? Os resultados (dizem…) são péssimos.

terça-feira, dezembro 6

Não fumar junto ao cão

Todos estamos consciencializados para os malefícios do tabaco. Seria pois natural que as práticas fumadoras fossem abolidas de todos os espaços fechados. Enquanto esperamos que legislação apropriada chegue podemos aproveitar para relaxar, confortavelmente sentados num café, saboreando um delicioso Ginger Ale. Era precisamente isso que eu estava a fazer quando li na parede do estabelecimento o seguinte aviso: “É favor não fumar junto ao balcão”. Tal pedido pode ser extremamente contraproducente… ao lê-lo os fumadores evitarão decerto fumar nas proximidades do balcão mas não terão nenhum pejo em fazê-lo nos seus lugares, incomodando os restantes clientes. Levantei-me, obstinado a riscar com uma caneta a parte do “junto ao balcão”. Mudei no entanto de ideias, decidindo-me por cortar apenas o “bal”. É melhor não levar isto a sério, deixemos essa etapa para quando o médico de família reencaminhar os viciados para o IPO.

segunda-feira, dezembro 5

Democracia Ditatorial

Vivemos numa Democracia Ditatorial. O modelo ideológico é simples, a maioria define o rumo (Democracia) e a partir desse momento não pode haver opiniões divergentes (Ditadura).

Convencionou-se o indivíduo gay como sendo o elemento fofinho e protegido da sociedade. Se uns larilas vierem para a rua gritar “gostamos de lamber pilas” a maioria (heterossexuais incluídos) acha um piadão e as cenas até passam na TV em prime time.
Se meia dúzia de rapazes surgirem com cartazes a dizer “não gostamos de paneleirada” aparecem logo 200 agentes da PSP para conter os ânimos e a censura é generalizada, “que feio, que retrógrado!”.
Se alguém pronunciar “eu não gosto de pintar com canetas de feltro”; “eu não gosto do Chevrolet Matiz”; “eu não gosto de carne de porco à alentejana”, não é grave. Agora, se mencionar “eu não gosto de ciganos” cai logo o Carmo e a Trindade. Não gostar não significa ostracizar, excluir, desrespeitar. A maioria das pessoas não gosta de trabalhar mas acaba por ir, todos os dias…

Os juízos de valor expressos no parágrafo anterior são apenas exemplos genéricos, não constituem qualquer manifestação ou reflexo de ideologias pessoais por parte do autor do post, eu. Aliás, até tenho em muito boa conta a carne de porco à alentejana.

Todos temos direito a opinar, abaixo a Ditadura!

domingo, dezembro 4

Presentes indesejados

O Natal aproxima-se e com ele chegam também os presentes indesejados.
O que é um presente indesejado? Basicamente a reacção da pessoa que o recebe enquadra-se numa de 3 tipologias. Seguem-se os chavões e as respostas que merecem.

Chavão: “Era mesmo isto que eu precisava.”
Resposta: Se era mesmo o que precisavas porque é que não compraste antes? Gastas tanto dinheiro em merda e não tinhas 15 euros para um bem de “primeira necessidade”?

Chavão: “Muito obrigado, vou já por ao lado dos outros.”
Resposta: Ao lado dos outros é no lixo, está visto. Devolve mas é isso, pode ser que alguém queira.

Chavão: “Que original, dás-me sempre coisas tão giras!”
Resposta: Original, gira, porque é que não és sincera e me pedes o talão para ver se consegues trocar?

A recepção de presentes indesejados é ainda acompanhada por um sorriso amarelo.
Comentário a fazer: “Mas porque é que sorris? Eu nunca me rio quando recebo um kit de ferramentas… significa que sou pobre e que mais vale tentar arranjar a torneira do lavatório sozinho que mandar vir um chulo a levar-me 50 euros, sem factura.”

sábado, dezembro 3

“Stress pós-académico”

É reconhecido unanimemente que estamos em falta para com os ex-combatentes do ULTRAMAR. Trata-se da mais elementar justiça que todos os seus direitos sejam finalmente consumados. Estes indivíduos estão altamente traumatizados por terem disparado 3 balas, fugido para dentro das chaimites e violado umas mulatinhas fogosas.
Acontece que eu também sofro de um problema muito grave. Trata-se do “stress pós-académico”. Apesar de ter acabado o meu curso em Julho continuo a sonhar que estou fechado no salão nobre do Instituto Superior Técnico, “às voltas” com um exame de Resistência de Materiais I.
Assim, uso este meio para persuadir o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a satisfazer as minhas reivindicações, embora extremamente modestas: uma pensão vitalícia de 10.000 euros mensais, um Skoda Octavia 2.0 TDI com caixa DSG, senhas para o gasóleo, um telemóvel de 3ª geração com crédito ilimitado, imunidade parlamentar, um T8 no Restelo inteiramente mobilado e com piscina, entrada à borlix no Passerelle, Photus e Champagne até à andropausa, para além de um frigorífico do tipo americano que jorre continuamente Coca-Cola com gelo e limão.

sexta-feira, dezembro 2

McLéxico

O ano de 1904 ficou marcado pelo nascimento de Ray A. Kroc, fundador da McDonald’s. Poucos poderiam imaginar a sua gigantesca influência sobre as gerações vindouras. A que me refiro: ao conceito fast-food, ao menu “Double Cheese”, ao franchising?
Quem nunca ouviu ou leu os termos McFlury, McMenu, McPita, McCafé? Fomos decididamente invadidos pelo McLéxico. Há um mundo paralelo de palavras pronto para ser comunicado.
A ideia base parece bastante simples, um verdadeiro ovo de Colombo, basta adicionar a qualquer substantivo o prefixo “Mc” para formar uma nova e excitante palavra.
O fenómeno não é totalmente original, já o lendário Batman apelidara o seu automóvel de BatMobile. No entanto, devido à escassa informação existente relativamente à génese de Gotham City, escuso-me a fundamentar análises mais aprofundadas sobre a genuinidade do BatLéxico.