segunda-feira, fevereiro 27

SG 200

Tomar um chocolate quente pela manhã no local de trabalho é óptimo. Primeiro, porque as máquinas Saeco conservam a tradição milenar italiana de bem confeccionar bebidas quentes mas, essencialmente, porque é à borla.
O modelo em causa – SG 200 – possuiu um portfolio onde figura a trilogia das bebidas clássicas (café, galão e chocolate) entre algumas novidades como o capichoc. As diferentes opções estão elegantemente catalogadas em 10 botões fashion na metade superior do aparelho. A meia altura situa-se uma abertura rectangular onde podemos recolher a bebida, complementada com uma portinhola em plástico que sela o local. O processo de preparação é limpo, (supostamente) silencioso e totalmente automático: pressiona-se o botão correspondente à bebida desejada e a máquina coordena e executa as acções seguintes. Existe um display no topo da geringonça que informa o estado da operação, bastando aguardar que o "em preparação" apague e acenda o "retirar copo" para podermos desfrutar do nosso pedido.
Naquela manhã, mal pressionei o botão "chocolate", a máquina rugiu 3 vezes e começou a esguichar aleatoriamente jactos de um líquido castanho, quente e açucarado, para todo o lado menos para onde devia… o interior do copo!
A salvo no meu lugar privilegiado de observador assisti ao triste espectáculo dando graças à minha atitude prudente. Tinha, ao contrário da esmagadora maioria das vezes, fechado a porta de segurança.

sexta-feira, fevereiro 24

El-Rei D. Fernando I

Frequentei em tempos um café simpático na Ramalha, agregado urbano almadense “entalado” entre a Cova da Piedade e o Pragal.
Este pequeno estabelecimento, negócio familiar e de pouca clientela, satisfez os meus desejos de “galão máquina” durante uma temporada.
Se é verdade que procuro não fazer julgamentos precipitados a respeito de pessoas que não conheço, quebrei de imediato a regra no dia em que entrei pela primeira vez no snack-bar. Fitei o dono de alto abaixo (numa perspectiva hetero, está claro) e não tive dúvidas em afirmar: "o nome do homem é Fernando!" Há quem tenha cara de cu, cara de porco ou cara de atrasado mental, aquele indivíduo tinha simplesmente cara de Fernando. Dá-se o caso de até conhecer alguns Fernandos, mas nenhum deles se aproxima de tal forma do paradigma de Fernando como aquele.
Se a princípio o meu comentário provocou risota no grupo de amigos, com o tempo a alcunha pegou e o senhor passou mesmo a Fernando para toda a gente.
Tempos mais tarde, movido por uma curiosidade crescente, indaguei o Fernando a respeito da sua verdadeira identidade. Este sorriu e respondeu de forma ritmada: "oh meu amigo, você nunca mais se vai esquecer, chamo-me Afonso Henriques, como o primeiro rei de Portugal".
Fiquei chocado, afinal o Fernando não é Fernando. Parece agora evidente o porquê do café se chamar "Condado", El-Rei D. Fernando I assim o determinou.

domingo, fevereiro 19

Diga bom dia com Mokambo

Ah, que regalo é tomar uma deliciosa chávena de Mokambo pela manhã, saboreando os seus 20% de café e os restantes 80% de chicória e cevada numa mistura solúvel única!
Incumbido de renovar o stock desta, e passo a citar: “…refeição [que] é essencial para fornecer a energia necessária para começar bem o dia”, encontrava-me no hipermercado Jumbo comparando preços. Uma embalagem contendo 100g de Mokambo custava 1,24€. Eis que o meu olhar intersectou uma placa amarela, exibindo “artigo de folheto”, junto ao frasco com o dobro do volume, 200g. Este, apenas de 1 a 14 de Fevereiro (data em que vigorou a super-promoção), pôde ser adquirido pela módica quantia de… 2,84€!

quarta-feira, fevereiro 15

Protecção excessiva

Desembrulhar uma peça de vestuário nova é uma tarefa que requer aprendizagem e especialização aprofundada.
Na sequência de uma desenfreada aquisição de 4 camisas na recente época de saldos dei-me conta disso mesmo. Ao tentar desempacotar cada um dos exemplares conferi o elevado nível de protecções que apresentava:
- 8 alfinetes estrategicamente localizados;
- 3 pedaços de cartão;
- 1 papel de celofane;
- 1 plástico protector.

Se alguém estiver a precisar de 32 alfinetes é favor contactar-me.

sexta-feira, fevereiro 10

A novela chamada futebol

Em tempos sugeri sarcasticamente que não existe paralelo para a dose de cavalo de telenovelas que invade diariamente os nossos lares. Recentemente, num Sábado corriqueiro e após a hora de almoço, assisti confortavelmente sentado ao desmoronar da minha tese, que é como quem diz, a 5 partidas de futebol:
- 15h às 17h: Birmingham vs. Arsenal (S);
- 17h às 19h: Camarões vs. Costa do Marfim (E) + Manchester United vs. Fulham (S);
- 19h às 21h: Sporting vs. Nacional (S);
- 21h às 23h: Leiria vs. Benfica (T).

Quais as atenuantes para o meu comportamento?
- O futebol é um jogo viril, sem grande margem para paneleiradas;
- O Sporting esmagou o Nacional;
- O Benfica levou 3;
- Consegui jantar e ver o Sporting simultaneamente e sem me sujar;

Em oposição, quais as agravantes?
- Adormeci a meio do jogo do Manchester e quase perdi o início do jogo do Sporting;
- Não estive in loco em Alvalade a insultar o Eng.º Rui Alves;
- A postura do Nuno Gomes contradiz o primeiro item da lista de atenuantes;
- A mulher do Simão não esteve presente em Leiria pois estava em casa com o João Manuel Pinto.


Legenda:
. (S) – Sport TV
. (E) – Eurosport
. (T) – TVI

segunda-feira, fevereiro 6

14,50

Quem nunca teve de fazer obras em casa? É um flagelo que invariavelmente, de tempos a tempos, nos bate à porta.
A situação que passo a relatar ocorreu aquando da substituição dos tacos de madeira do meu quarto por uns modernos mosaicos que, para além de frios como um glaciar, se sujam facilmente. Para a tarefa de remoção/aplicação foi “contratado” um indivíduo africano que, após experiência acumulada nas obras de construção civil, anuiu em fazer o biscate lá em casa.
Enquanto procedia à orçamentação pediu a minha ajuda no sentido da determinação da área do “cuarto” (foi assim mesmo que ele escrevinhou na folha de papel). Sendo que em planta o meu quarto apresenta a forma geométrica de um rectângulo a área pode ser facilmente obtida multiplicando o comprimento (c) pela largura (l) do mesmo. Ciente deste facto, o operário especializado acompanhou junto a mim o processo de introdução dos inputs na máquina calculadora e o surgimento do resultado: “14,50”.
14,5” – disse eu – “a área perfaz 14,5 metros quadrados”. Confiante nos seus conhecimentos de aritmética e na prova irrefutável que o visor da calculadora fornecia, o trabalhador contestou: “Não não, são 14,50!”. Tinha toda a razão, era escusado ter tentado ludibriar um leigo com propriedades algébricas avançadas.

domingo, fevereiro 5

A dupla função dos guardanapos

Quando nos sentamos à mesa após uma caminhada saudável, num dia frio e húmido, as nossas fossas nasais presenteiam-nos habitualmente com um muco viscoso de tonalidade amarelo-esverdeada, vulgo “ranho”. O mais usual é não possuirmos a mágica embalagem de lenços Cien para efectuar uma limpeza cuidadosa das narinas pelo que perscrutamos alternativas válidas no nosso raio de acção. Acontece que, na maioria dos casos, designamos o guardanapo como elemento incumbido de acumular funções: limpar a boca e assoar. Proceder às duas acções em simultâneo não será decerto muito higiénico e educado… se com a higiene podemos bem (estamos presentes quando defecamos e não morremos asfixiados) as questões da etiqueta podem barrar-nos as portas do jet 7. Por isso todos os cuidados são poucos, sendo o meu conselho seguir a técnica milenar que mistura o expelir dos “macacos” com a limpeza das beiças num único e coordenado movimento. O posicionamento do guardanapo terá de ser perfeito pois não queremos ser interceptados nesta manobra de alto risco.
Se os guardanapos forem de pano convém trocá-los discretamente com o parceiro do lado no final da refeição.

quinta-feira, fevereiro 2

Concentração excessiva de arsénio

Seguia atentamente o noticiário de uma televisão generalista quando exibiam a notícia de que, em algumas localidades do país, a água se encontrava imprópria para consumo. Ao entrevistarem uma “Maria do buço” local, numa das terriolas afectadas de que não me consigo lembrar do nome (mas que não andará longe de Fornos de Algodres), perguntaram-lhe se sabia que a água que abastecia a sua casa apresentava concentração excessiva de arsénio. A resposta óbvia foi “não”. Esperariam que uma pessoa que provavelmente não conhece o conceito concentração, o adjectivo excessivo ou o elemento químico arsénio, conseguisse coordenar os 3 vocábulos, fazê-los interagir semanticamente e produzir uma conclusão distinta de uma negação peremptória?

Post Scriptum: Fornos de Algodres está longe de ser uma “terriola”… tem uma área de 131,0 km2, 5 453 habitantes, 16 freguesias e é um dos 14 municípios do distrito da Guarda.