terça-feira, maio 30

David “Dyno” Rocha

Primeiro foi a extinção dos dinossauros; depois o falecimento do Dino Meira; recentemente a morte trágica do James Dean português, o Dino dos Morangos; quando me apercebi ter um Dyno entalado no nome, as minhas preocupações aumentaram consideravelmente.
Se pesquisarmos David Rocha no browser Google, o primeiro registo encontrado é um link para o sítio "Rotten Tomatoes", acedendo directamente à filmografia da celebridade David “Dyno” Rocha. O currículo desta estrela de Hollywood, também conhecida por “Sir Dyno”, fala por si: “Blood and Tears”, “The Dope Game”, “Dope Game 2” e o mais recente sucesso – “Veteranos” – onde o nosso herói contracena com o futuro hall of fammer Jesse Borrego, numa história original de acção, vingança, gangs e violência, realizada com a mestria habitual dos irmãos Quiroz.
Contudo, parece que o meu homónimo nem sempre foi bem comportado. Seguindo o endereço http://www.pressdemocrat.com/pelican/0424_indicted.html verificamos que “Sir Dyno” foi em 2001 acusado pelo chefe da Polícia de Santa Rose, Mike Dunbaugh, como sendo um dos 13 cabecilhas do gang Nuestra Familia, onde figuram igualmente nomes míticos do crime, como sejam: Vidal "Spider" Fabela, Rico "Smiley" Garcia ou Tex "Terrible T" Hernandez.

sábado, maio 27

Marcadores

Há certo tipo de acessórios que, apesar de todos possuirmos, não estão presentes no momento em que são realmente necessários. Refiro-me, a título de exemplo, ao stick de cola UHU, à faca eléctrica ou ao marcador de livros. Se nos dois primeiros casos uma busca mais ou menos demorada soluciona habitualmente o problema, já relativamente ao marcador, por se tratar de um objecto de somenos importância, o mais usual é recorrermos a alternativas simples, em consonância com os padrões lusos do "desenrasca". De facto, não constitui grande problema dobrar a página do livro mas, se optarmos por não danificar o manual, sempre podemos substituir o marcador por algo que consiga desempenhar semelhante função.

Eis uma lista de itens que configuram as soluções mais frequentes:
- Bilhete de autocarro;
- Bilhete de metro;
- Pente;
- Comando da TV;
- Esferográfica ou lapiseira;
- Tira de cartão recortada de uma caixa de Ben-u-ron.

quinta-feira, maio 25

Suplemento de combustível

A carga fiscal em Portugal é comprovadamente uma das maiores da Europa. O problema é que com este tipo de política económica se continua a asfixiar apenas a cada vez mais empobrecida classe média trabalhadora por conta de outrem, enquanto os profissionais liberais seguem cantando e rindo no seu BMW, bloqueando o levantamento do sigilo bancário e declarando o mínimo ao fisco.
Viajar surge deste modo como um escape para os problemas diários, o interromper de uma rotina de passeios cheios de merda de cão e de merda de gente.
No entanto, o acto de adquirir um título de transporte e estadia podem, por si só, militarizar qualquer pacifista.
Longe vai o tempo em que o preço de uma viagem era o propagandeado no panfleto promocional. A este tem de ser acrescido o suplemento single, pois a tarifa é calculada por defeito em quarto duplo. Seguem-se as taxas de aeroporto que, apesar de perfeitamente justificadas, não fazem sentido estar separadas do preço base do bilhete, a não ser que houvesse possibilidade do avião descolar de um galinheiro e serem os passageiros a realizar a pesagem, inspecção e transporte das bagagens para a aeronave.
A saga continua com a aplicação da taxa de reserva e de emissão do bilhete.
A mais recente invenção, difundida à velocidade de uma labareda num bidon de gasóleo, dá pelo nome de suplemento de combustível. Esta serve, segundo o discurso do fulano da Halcon, para pagar o jet fuel que, conta redonda e arredondada para cima, cada passageiro gastará por viagem.
Quer isto dizer que os aviões voaram anos a fio sem serem abastecidos?

sábado, maio 20

O irmão do sobrinho da minha prima

Vezes há em que para relatarmos com precisão uma determinada situação somos forçados a proferir barbaridades do género: “o irmão do sobrinho da minha prima” ou “a cunhada do enteado do padrasto de um amigo meu”.
Será que tal exactidão é produtiva para o nosso discurso? Na maioria das vezes o outro interlocutor está-se a marimbar para o conteúdo da dialéctica, quanto mais tentar compreender os vínculos formais na amálgama gigante que é a rede completa das nossas relações interpessoais.
O meu conselho sincero é evitar a trapalhada seguindo a sugestão: caso se trate de um familiar, ainda que afastado, recorrer apenas a “um primo meu” ou, no caso de ser mais velho, “um tio meu”. Nas situações em que o visado é alguém não aparentado, usar “um amigo meu”. Esta metodologia é verdadeiramente útil pois, na esmagadora maioria das vezes, não seremos confrontados com o contraditório.

terça-feira, maio 16

Sopro infantil

Os aniversários são o local ideal para assistir à maior das taras das crianças: soprar as velas do bolo de aniversário. Longe vai o tempo em que era apenas o aniversariante o único que por direito próprio podia executar essa tarefa. Para os petizes pouco importa. O que interessa mesmo é soprar, independentemente do número de velas ou de quem faz anos.
O contra-ataque dos adultos não se fez esperar. Refiro-me àquelas velas irritantes que, por mais que se bufe, "nunca" apagam. Agrada-me especialmente ver a luta dos gaiatos tentando extinguir uma chama que por definição não cede. Há no entanto quem já tenha entendido o mecanismo... um primo meu foi confrontado com esse problema no seu 4º aniversário e, ao ver que os seus esforços eram inúteis, não hesitou um segundo em lançar um escarro viscoso* para cima da vela. Para grandes males, grandes remédios!


* ver post A nobre arte de escarrar

domingo, maio 14

Passwords

Resultado da massificação do acesso às tecnologias de informação - as passwords - ou, de acordo com a brilhante tradução luso-brasileira - “senhas de acesso” - estão banalizadas no quotidiano dos portugueses. Curioso é constatar o espírito criativo dos nossos compatriotas na sua concepção e implementação.
Eis uma selecção das melhores, recolhidas pelo canto do olho:

Numéricas suicidas:
- 1234;
- 4321;
- 1111;

Alfabéticas básicas:
- qwert;
- password;
- manuelsilva;

Alfaestúpidas:
- gatodasbotas;
- gloriososlb;
- vanessavaipocaralho;

Alfa-numéricas indecifráveis e dificilmente memorizáveis:
- Gwei3jfb5ks3@mdjfr/%#i0rm8wspaH”/&E

quinta-feira, maio 11

Roupa de criança

As crianças estão cada vez maiores. Parece que a pequenada anda a comer fermento e aqueles iogurtes do “faltou-te um bocadinho assim”.
Paralelamente, os fabricantes de roupa infantil têm uma estratégia comercial bem delineada, trata-se de colocar na indumentária dos petizes etiquetas 2 anos acima da idade real. As mamãs ficam babadas com os índices de crescimento dos seus filhos precoces: “Vejam o meu mais novo, fez agora 3 aninhos e já veste calças de 5”. Esquecem-se é que o filho do vizinho do lado, um autêntico símio das montanhas alimentado a rosbife, com apenas 2 anos já veste roupa de 7.
Por isso, acabem-se os equívocos e pare-se com esta escalada de estupidez, reajustem o tamanho do vestuário às idades das crianças.
A propósito, actualizem igualmente a largura dos preservativos. Agradecido.

segunda-feira, maio 8

Malta do croquete

A malta do croquete é uma mutação da famosa malta do tupperware. Podemos encontrá-la em almoços, casamentos, baptizados, cocktails, beberetes, enfim, qualquer local onde existam entradas.
As técnicas utilizadas para deglutir o maior número de acepipes são aperfeiçoadas durante a adolescência, período em que “ninguém leva a mal à rapaziada que está a crescer”. O problema é que, com este tipo de comportamento passivo, estamos a criar autênticos monstros devoradores de comida em miniatura. Um adulto consegue, em menos de um minuto, “aspirar” 4 rissóis de camarão, 3 empadas de galinha, 2 chamuças e 6 croquetes. As fêmeas, por mais estranho que possa parecer, superam facilmente estes registos. A explicação é simples, ao contrário dos machos, não dispersam a sua atenção com o vinho do Porto e Martini que gira nos tabuleiros a reboque dos empregados. A sua estratégia é permanecerem estáticas junto aos comes, de braços arqueados e com as manápulas atacando em força as perninhas de frango. O olhar, qual abutre a roer os restos da carcaça de um zebra, permanece perscrutando o horizonte (nunca se sabe quando poderá surgir um bando de hienas para disputar o espólio).

domingo, maio 7

Donas e Senhores

Todos querem ser doutores, está visto. Nada tenho contra isso, penso até que a ambição é fundamental numa sociedade que se quer progressiva e eficiente. Acontece que quantos mais portugueses conseguirem um canudo menos “donas” e “senhores” restarão. Recolhi aqueles que penso serem os melhores exemplares ainda existentes, escolhidos a dedo em refeitórios, retrosarias, lojas de esquentadores e drogarias.

Donas:
- Dona Odete;
- Dona Adosinda;
- Dona Suzete;
- Dona Matilde;
- Dona Graciete.

Senhores:
- “Sôr” Alfredo;
- “Sô” Manel;
- “Sôr” Augusto;
- “Sô” “Jaquim”;
- “Sô” Lopes.

quinta-feira, maio 4

L. Casei Imunitass

Os L. Casei Imunitass chegaram para ficar. No outro dia tomei um Actimel pela manhã e formou-se imediatamente uma bola de sabão em torno do meu corpo. Consegui evitar ser atingido por excrementos de pombo, atacado por um indigente e atropelado por um camião TIR. Maravilhado com o fenómeno, procurei saber mais sobre este néctar dos Deuses, consultando o sítio http://www.actimel.pt/
No capítulo dedicado às aventuras e desventuras de uma família que consome diariamente Actimel, fiquei deliciado com o relato do pequeno João, de seis anos. Escreve (?) o gaiato:

"A garrafinha de plástico cabe no meu bolso e não se parte. A minha mãe disse-me que Actimel me ajuda a ficar mais protegido"
– Começa é a pôr outras coisas de plástico no bolso. As pitas estão cada vez mais assanhadas, vais ver que ficas mais protegido.

"Também gosto de Actimel porque é fácil de beber a caminho da escola"
– Então e uma Sagres, não?
E a minha preferida:

"Gosto muito de jogar futebol. Nunca falto aos treinos, mesmo em dias de chuva. Antes, a minha mãe preocupava-se imenso. Mas agora, dá-me um casaco e Actimel, e sorri... "
– Também eu, com as coisas que leio na net.

segunda-feira, maio 1

Taxímetro

Se Conan – o bárbaro – tinha na espada de Crom a sua arma de ataque, José Bigodes opta pelo taxímetro para nos infligir um arraial de pancadaria digno de figurar nos anais da história bélica. De facto, cada viagem de táxi é mais uma iteração da genuína balada portuguesa “enrabado à força”.
Quando entramos no Mercedes e olhamos para o malfadado objecto, já este marca orgulhosamente valores na casa dos 2 euros. Não contente com isso, o taxista investe as suas unhas amareladas contra os 6 botões existentes na geringonça (num movimente que lembra um técnico informático deslindando a password de um banco) e, upa, eis que chegámos aos 3,5 euros e o carro ainda não se mexeu.
Escusado será dizer que, com todas as voltas acessórias que somos gentilmente convidados a fazer em redor do destino solicitado, a franquia a pagar segue inflando, qual frango alimentado a hormonas de crescimento.
O fim da corrida não significa o fim da odisseia, é de novo tempo de pressionar os botões do taxímetro e, zás trás pás, o valor a pagar acabou de duplicar.
Quando nos preparamos para entregar a nota azul ao nosso carrasco somos informados que, ao valor registado no visor, tem ainda de ser somado o complemento de transporte das bagagens.
Caso não se deixe gorjeta teremos de ”alombar" sozinhos com o resgate das malas, audaciosamente escondidas no fundo do porta-bagagem. Convém que esta manobra seja efectuada com o rosto protegido pois, mal a última mala toca no chão, somos brindados com uma gigante nuvem de fumo, proveniente de uma arrancada “à leão” do nosso amigo taxista.